Infecção por SARS-CoV-2 em portador de rara glomerulopatia crônica: um relato de caso
SARS-CoV-2 infection in a patient with rare chronic glomerulopathy: a case report
Infecção por SARS-CoV-2 em portador de rara glomerulopatia crônica: um relato de caso
Flávia Dias Silveira; Káthia Liliane da Cunha Ribeiro Zuntini; Márcia Dias Silveira; Kátia Virgínia Rocha; Adrianna Barros Leal Dantas; Bárbara Carvalho Dantas; Camila Cavalcante de Queiroz Santos
Resid Pediatr. 2020;10(2):1-3 - Relato de Caso - DOI: 10.25060/residpediatr-2020.v10n2-360
A pandemia pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 desencadeou, no final de 2019, grande mobilização científica com o intuito de conhecer melhor a doença e desvendar possibilidades terapêuticas. Este relato tem por objetivo descrever um caso de COVID-19 em um adolescente portador de rara glomerulopatia crônica. Paciente de 15 anos, diagnosticado com glomerulopatia por C3, em 2018. Em 15 maio de 2020, após 2 meses de abandono ao tratamento de manutenção da glomerulopatia, internou com quadro de edema, oligúria, hipertensão e piora da função renal. Em 18 de maio de 2020, ainda internado e em terapia hemodialítica, apresentou febre baixa sem foco bem esclarecido. No dia seguinte, evoluiu com quadro súbito de queda da saturação de oxigênio, em torno de 79% em ar ambiente, febre alta, dispneia leve e hipotensão. Coletados exames para sepse e PCR para COVID-19, confirmaram-se os diagnósticos de estafilococcia e COVID-19. Tomografia de tórax revelou imagem nodular em vidro fosco com derrame pleural bilateral. Após retirada do cateter de diálise e instituição da antibioticoterapia, paciente evoluiu bem clinicamente, sem novas repercussões após 5 semanas do início do quadro. É sabido que a doença renal crônica é fator de risco independente para o desenvolvimento de pneumonia e, embora existam evidências de que ela esteja associada ao risco aumentado de desenvolvimento da forma grave da COVID-19 em adultos, estudos em populações pediátricas mostram, até o momento, que crianças portadoras de doenças renais não tiveram evolução desfavorável em relação às crianças saudáveis da mesma faixa etária.