RESUMO
O abscesso hepático piogênico consiste na presença de coleção purulenta secundária à infecção bacteriana no parênquima hepático. Sua frequência é relativamente rara na população geral, em torno de 1.1 a 2.3 por 100.000 habitantes, com mortalidade entre 5.6-80%. Neste estudo, relata-se o caso de um pré-escolar, sexo masculino, com 14 dias de febre, distensão abdominal, palidez, sinal de Torres-Homem, hipertimpanismo periumbilical e hepatomegalia. À admissão apresentava leucocitose com neutrofilia, PCR elevado, anemia normocrômica/normocítica, aumento das enzimas hepáticas e canaliculares, além de alteração das provas de coagulação. Ultrassonografia e tomografia de abdome evidenciaram coleções heterogêneas de contornos irregulares e limites imprecisos, com localização nos segmentos IV, V e VII e VIII. Vesícula biliar de paredes espessadas com imagem hiperecogênica medindo 0,8cm. O tratamento inicial consistiu na associação de ampicilina e sulbactam associado ao metronidazol e drenagem transcutânea do abscesso guiada por ultrassom. Com a cultura positiva do material do abscesso para Pseudomonas aeruginosa, iniciou-se ciprofloxacina e realização de ultrassom abdominal semanal. Recebeu alta após ultrassonografia de abdome sem abscessos. A tríade do abscesso hepático piogênico engloba dor abdominal, febre intermitente e hepatomegalia. Geralmente são associados a fatores predisponentes desde imunossupressão até patologias de vias biliares e neoplasias. A drenagem percutânea guiada por TC ou US é atualmente o tratamento de primeira linha. Mesmo sendo raro, o AH deve estar entre as opções de diagnóstico diferencial de dor abdominal e febre intermitente.
Palavras-chave: Abscesso Hepático, Pseudomonas aeruginosa, Criança.