RESUMO
OBJETIVOS: Analisar dados epidemiológicos de crianças e adolescentes que sofreram violência sexual no ano de 2020, durante a pandemia de COVID-19, caracterizar as vítimas e, assim, conhecer a magnitude do agravo, para fundamentar o planejamento dos atendimentos, tratamentos e acompanhamentos destas e suas famílias, fomentando aperfeiçoamentos, melhorias e planejamentos para o futuro e, consequentemente, possibilitar benefícios para o próprio serviço, aos profissionais nele inseridos e, principalmente, a quem os utiliza.
MÉTODOS: Trata-se de estudo epidemiológico transversal, analítico e descritivo, com dados coletados das fichas de atendimento das vítimas encaminhadas ao serviço de referência ou que compareceram por demanda espontânea, sendo incluídos crianças e adolescentes de 0 a 18 anos.
RESULTADOS: A amostra do estudo foi de 712 crianças e adolescentes. Encontrou-se um maior índice de violência sexual contra o sexo feminino (86%) com idade entre 12 e 14 anos; o serviço de psicologia foi o mais atuante; a capital do Estado foi a detentora do maior número de registros (54,8%); quanto aos agentes da violência sexual, o agressor do gênero masculino totalizou 97,8%, sendo conhecidos da família 91,5% e, 72,8% pertencentes ao núcleo familiar, os principais agressores foram namorados/companheiros (intrafamiliar) e vizinhos (extrafamiliar); o estupro de vulnerável acometeu 55,9% das vítimas.
CONCLUSÃO: O isolamento social estabelecido durante a epidemia, propiciou condição mais favorável para a ocorrência de atos de violência dentro da própria casa. Durante a pandemia houve uma redução das denúncias de violência contra crianças e adolescentes, entretanto, não necessariamente uma diminuição dos casos de violência.
Palavras-chave: Abuso Sexual na Infância, Adolescente, COVID-19, Isolamento Social.