Resenha - Ano 2014 - Volume 4 - Número 3
Resenha
Reseña
Artigo: Zimmet P, Alberti G, George MM, Kaufman F, Tajima N, Silink M, Arslanian S, Wong G, Benett P, Shaw J, Caprio S; IDF Consensus Group. The metabolic syndrome in children and adolescents - a IDF consensus report. Pediatric Diabetes 2007; 8:299-306.
A obesidade se tornou epidêmica no final do século XX, inclusive na faixa etária pediátrica. Contribuíram para este panorama a urbanização e o estilo de vida sedentário e pautado em dietas não saudáveis. A epidemia de obesidade na infância e na adolescência trouxe como consequência o aumento da prevalência do diabetes mellitus do tipo 2 (DM2) nos jovens.
Obesidade e DM2, juntamente com hipertensão arterial e dislipidemia compõem a chamada síndrome metabólica, que agrega os fatores de risco para doença cardiovascular (DCV).
Em 2007, a International Diabetes Federation (IDF), após um workshop que reuniu especialistas da Austrália, da China dos Estados Unidos da América, do Japão e do Reino Unido, publicou este artigo de revisão sobre síndrome metabólica em crianças e adolescentes que propõe uma definição da síndrome para a faixa etária. O documento está disponível para acesso livre.
Na definição proposta, a circunferência da cintura aumentada, sendo esta medida um pouco acima da crista ilíaca anterossuperior ao final da expiração, conforme a referência 31 do artigo em questão Third National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES III) (referência 31 do artigo em questão), é condição sine qua non, da mesma forma que na definição da IDF para adultos. Isto porque a circunferência da cintura se correlaciona bem com o tecido adiposo visceral em adultos. Este compartimento do tecido adiposo, atualmente visto como órgão endócrino, produz adipocinas, que tem papel importante na gênese da síndrome metabólica.
A adoção de uma definição unificada de síndrome metabólica para crianças e adolescentes permitirá pesquisas sobre o tema e, principalmente, identificar grupos com maior risco de desenvolver DCV na idade adulta, conforme já demonstraram os estudos de Bogalusa e Muscatine (referências 50 e 51 do artigo aqui comentado, respectivamente).
Os autores apresentam evidências que fundamentam a definição proposta, recomendam que ela seja aplicada apenas a crianças com mais de dez anos de idade, e reforçam a importância das modificações no estilo de vida para todas as idades, no sentido de diminuir a morbimortalidade associada ao DM2 e à DCV.
1. Professora Adjunta do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)