RESUMO
INTRODUÇÃO: O confinamento da pandemia da COVID-19 levou ao fechamento das escolas, aumento do tempo de sedentarismo e maior consumo de alimentos ultraprocessados, um contexto que pode ter agravado a epidemia de obesidade infantil.
OBJETIVOS: Verificar o impacto do fechamento das escolas sobre o índice de massa corporal (IMC), os hábitos de vida e a prevalência de obesidade em crianças e adolescentes.
MÉTODOS: Estudo observacional transversal de pacientes com sobrepeso/obesidade acompanhados em um serviço de referência em endocrinologia. Foram avaliados os dados da última consulta antes da pandemia e da primeira consulta realizada durante a pandemia e um questionário foi aplicado.
RESULTADOS: De 50 pacientes (31 meninas) com idade de 11,5±2,4 anos e intervalo entre as consultas de 379,5±79,5 dias, 29 (58%) relataram aumento no número diário de lanches, 76% maior consumo de alimentos ultraprocessados e 54% inalteração na quantidade de alimentos ingeridos. Também foi relatado maior tempo de sedentarismo. Quarenta e cinco pacientes ganharam peso e houve aumento de 19,6% em relação ao peso pré-pandemia, com ganho ponderal de 9,0 kg (-3,6 a 25,5). A mediana do IMC e as variações do escore-z entre as consultas foram de +1,9 kg/m2 (-2,9 a +7,7) e +0,11 (-0,93 a +1,47), respectivamente. A mudança no IMC ajustado para a mediana para sexo e idade foi de +1,65 kg/m2 (-3,60 a +6,90). Houve aumento de 6% na prevalência de obesidade no grupo.
CONCLUSÕES: Definir alterações longitudinais do IMC na faixa etária pediátrica é um desafio. O presente estudo identificou ganho ponderal não saudável, aumento do IMC, aumento do tempo de sedentarismo e explicitou as dificuldades enfrentadas pelas crianças durante a quarentena.
Palavras-chave: Índice de massa corporal, COVID-19, SARS-CoV-2, Obesidade, Quarentena.