RESUMO
INTRODUÇÃO: Indivíduos não fumantes que convivem com fumantes em ambientes fechados estão inclusos entre aqueles com maior risco de perda auditiva, pois a orelha interna é sensível a alterações sistêmicas, principalmente vasculares.
OBJETIVO: Investigar se existe associação entre tabagismo passivo e perda auditiva em pré-escolares e escolares.
MATERIAL E MÉTODO: estudo retrospectivo, descritivo, caso-controle, composto por 76 crianças entre 2 e 10 anos de idade, que realizaram avaliação audiométrica entre janeiro de 2016 e dezembro de 2018. As crianças incluídas foram divididas em dois grupos: expostas passivamente ao tabaco e não expostas ao tabaco. A associação entre exposição ou não ao tabaco e tipo de perda auditiva foi avaliada por meio do teste exato de Fisher, e calculado o odds ratio de perda auditiva naquelas expostas.
RESULTADOS: As crianças expostas ao tabagismo apresentaram quatro vezes mais chance de perda auditiva em comparação com seus pares não expostos (OR 4,2, IC 95% 1,584 a 11,138). Também foi observada associação significativa entre exposição ao tabagismo e perda auditiva neurossensorial (OR 5,60, IC 95% 1,783 a 17,591, p=0,002). Não foi encontrada associação entre a gravidade da exposição. Conclusão: A perda auditiva neurossensorial ocorre mais frequentemente em crianças expostas ao tabagismo do que em seus pares da mesma idade não expostos. No entanto, não podemos afirmar conclusivamente se existe associação entre exposição passiva à fumaça e perda auditiva condutiva, nem entre o grau de perda auditiva e o nível de exposição à nicotina avaliado pelo teste de Fagerström.
Palavras-chave: Estudos de casos e controles, Risco, Criança, Poluição por fumaça de tabaco, Perda auditive.