RESUMO
INTRODUÇÃO: A dor crônica é um agravo de saúde pública com elevada prevalência em crianças e adolescentes. Acarreta elevados custos em saúde e grave prejuízo à qualidade de vida dos pacientes e suas famílias. Desde a década de 1950, tem-se evidenciado que o apego ao(à) cuidador(a) primário(a) da criança é crucial para a saúde global dos indivíduos e pode interferir no surgimento de várias afecções mentais e físicas, inclusive dor crônica.
RELATO DOS CASOS: Duas adolescentes com história de dor crônica mista, idiopática e incapacitante há mais de dois anos, culminando em internação hospitalar. Receberam abordagem interdisciplinar nas primeiras 24 horas da admissão, com destaque para a Psicologia, que, desde o primeiro contato, identificou fatores estressores significativos na infância de ambas, inclusive a insegurança do apego, e as submeteu a técnicas vivenciais, de relaxamento e de reparentalização limitada, resultando em diminuição da intensidade da dor, da necessidade de analgésicos e da incapacitação logo nos primeiros dias da admissão e, consequentemente, na alta hospitalar.
CONCLUSÃO: A dor crônica idiopática em Pediatria deve ser abordada, desde o princípio, por equipe interdisciplinar. Deve-se reconhecer que o componente psicológico, especialmente o aspecto do apego inseguro, pode ser de grande importância na etiopatogenia, perpetuação e gravidade da dor crônica em muitos pacientes, de modo que abordá-lo é fundamental para o sucesso terapêutico. Além de acelerar a recuperação da funcionalidade e do bem estar dos afetados, essa estratégia tem o potencial de reduzir os custos em saúde.
Palavras-chave:
Dor crônica, Apego ao objeto, Pediatria, Criança, Adolescente.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Chronic pain is a public health problem with a high prevalence in children and adolescents. It causes high health costs and severe burden to the quality of life of patients and their families. Since the 1950s, it has been found that primary caregiver-child attachment is paramount for the overall health of individuals and can interfere with the occurrence of several mental and physical disorders, including chronic pain.
CASE REPORT: Two female teenagers with a history of mixed, idiopathic and disabling chronic pain for more than two years, culminating in hospitalization. They received an interdisciplinary approach in the first 24 hours of admission, especially from Psychology, which, since the first contact, identified significant stressors in childhood of both, including attachment insecurity, and engaged them into experiential techniques, relaxation techniques and limited reparenting, resulting in lower intensity of pain, lower need for analgesic drugs and lower disability in the first days of hospitalization and, consequently, resulting on hospital discharge.
CONCLUSION: Chronic idiopathic pain in Pediatrics should be addressed by an interdisciplinary team, since the beginning. It should be recognized that the psychological component, especially the issue of insecure attachment, could be very important in etiopathogenesis, perpetuation and severity of chronic pain in many patients, so that addressing it is fundamental for therapeutic success. In addition to accelerate the recovery of the functionality and well-being of those affected, this strategy has the potential to reduce healthcare costs.
Keywords:
Chronic pain, Object attachment, Pediatrics, Child, Adolescent.