ISSN-Online: 2236-6814

https://doi.org/10.25060/residpediatr



TOP - Ano 2024 - Volume 14 - Número 3

Tópicos Obrigatórios em Pediatria: diagnóstico por pediatras do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA): um papel crucial na detecção precoce e intervenção adequada

Required Topics in Pediatrics: diagnosis by pediatricians of Autism Spectrum Disorder (ASD): a crucial role in early detection and proper intervention

RESUMO

Este artigo visa abordar os aspectos essenciais da Proposta de Padronização Para o Diagnóstico, Investigação e Tratamento do Transtorno do Espectro AutistaTEA, fornecendo orientações valiosas para os residentes em pediatria.

Palavras-chave: Transtorno do espectro autista, Diagnóstico precoce, Terapia comportamental, Intervenção médica precoce, Pediatras.

ABSTRACT

This article aims to address the essential aspects of the Standardization Proposal for the Diagnosis, Investigation, and Treatment of Autism Spectrum Disorder (ASD), providing valuable guidance for pediatric residents.

Keywords: Autism spectrum disorder, Early diagnosis, Cognitive behavioral therapy, Therapeutic approaches, Pediatricians.


Documento: Proposta de Padronização Para o Diagnóstico, Investigação e Tratamento do Transtorno do Espectro Autista

Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil

Referência: https://sbni.org.br/proposta-de-padronizacao-para-o-diagnostico-investigacao-e-tratamento-do-transtorno-do-espectro-autista/

As seguintes recomendações foram elaboradas por meio do consenso de especialistas da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) para o diagnóstico e tratamento do transtorno do espectro autista (TEA).

Este artigo discute os aspectos cruciais do documento, traçando o percurso para que o diagnóstico e tratamento possam ser efetuados por pediatras.


ABORDAGEM GERAL

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que surge nos primeiros anos de vida, apresentando desafios na interação social/comunicação e padrões repetitivos de comportamento e interesses.

A diversidade do TEA, abrangendo vários subtipos e graus de severidade (nível 1 a 3), justifica sua denominação como “espectro”.

Com o aumento da prevalência do TEA, o diagnóstico conduzido por pediatras está se tornando mais frequente, devido à escassez de especialistas em neurologia e psiquiatria infantil no Brasil1.


DIAGNÓSTICO

O diagnóstico do TEA baseia-se em critérios clínicos do DSM-5 e exige uma avaliação detalhada do desenvolvimento da criança, incluindo histórico gestacional e neonatal, hábitos de sono e alimentação, e observação de comportamentos característicos do TEA.

Ferramentas como o M-CHAT e o CAST são complementares, mas a confirmação diagnóstica depende de avaliações específicas, como a CARS, e análise clínica detalhada.

O M-CHAT-R é recomendado dos 16 aos 30 meses para detectar precocemente crianças em risco e melhorar seu prognóstico.


INVESTIGAÇÃO

Exames complementares geralmente não contribuem diretamente para o diagnóstico do TEA, mas podem ser úteis para definir a etiologia do transtorno.

Potencial evocado auditivo (BERA) ou Audiometria condicionada, bem como exames genéticos como SNP-Array, e o sequenciamento completo do exoma devem ser solicitados para todos os pacientes. Além disso, a pesquisa do X frágil é recomendada para todos os meninos, enquanto o EEG é indicado em casos de suspeita ou epilepsia associada. O exame MECP2 é aconselhado para meninas com fenótipo característico ou sugestivo de Rett.

Quanto à ressonância magnética (RM) de crânio, essa é indicada em caso de alteração focal do exame neurológico, sendo importante ressaltar que a macrocefalia discreta não justifica a realização do exame.


TRATAMENTO

No tratamento do TEA, diversas abordagens são empregadas, incluindo a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), terapia ocupacional e fonoterapia.

Alguns sintomas, como irritabilidade, agitação, autoagressividade, hiperatividade, impulsividade e desatenção, podem ser tratados com medicamentos.

É essencial fornecer informações precisas e orientar famílias para o bem-estar de pessoas com TEA, alertando sobre os riscos de tratamentos sem base científica, que podem levar a prejuízos financeiros e interromper intervenções eficazes.


CONCLUSÃO

A conscientização crescente sobre o TEA e a integração do diagnóstico na prática pediátrica são essenciais para atender à demanda em expansão.

Nesse sentido, os pediatras desempenham um papel crucial na detecção precoce e encaminhamento adequado para intervenções apropriadas e tratamento de condições clínicas associadas.


REFERÊNCIA

1. Montenegro MA, van der Linden Junior H, Casella EB, Gadia C, Celeri EHRV, Sampaio LPB. Proposta de Padronização Para o Diagnóstico, Investigação e Tratamento do Transtorno do Espectro Autista. São Paulo: SBNI; 2021 Jul; [acesso em 2024 Abr 5]. Disponível em: https://sbni.org.br/proposta-de-padronizacao-para-o-diagnostico-investigacao-e-tratamento-do-transtorno-do-espectro-autista/.










Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Departamento de Reprodução Humana e Infância - Sorocaba - São Paulo - Brasil

Endereço para correspondência:

Danilo de Assis Pereira
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Departamento de Reprodução Humana e Infância - Sorocaba - São Paulo - Brasil
R. Joubert Wey, 290 - Vila Boa Vista
Sorocaba, SP, Brasil. CEP: 18030-070.
E-mail: ddapereira@pucsp.br

Data de Submissão: 16/03/2024
Data de Aprovação: 22/04/2024