Artigo de Revisao
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Ano 2015 -
Volume 5 -
3 Supl.1
Imunização em adolescentes
Immunization in adolescents
Inmunizacion en adolescentes
Ana Cláudia Mamede Wiering de Barros
RESUMO
A autora apresenta o calendário de imunizações para adolescentes preconizado pelo Ministério da Saúde - Brasil, particularizando as vias de administração, doses e efeitos adversos das vacinas.
Palavras-chave:
adolescentes, doenças transmissíveis. imunização.
ABSTRACT
The author presents the immunization schedule for adolescents recommended by the Ministry of Health - Brazil, individualising routes of administration, doses and adverse effects of vaccines.
Keywords:
adolescents, communicable diseases, immunization.
RESUMEN
El autor presenta el calendario de vacunación para adolescentes recomendadas por el Ministerio de Salud - Brasil, individualizando las vías de administración, la dosis y los efectos adversos de las vacunas.
Palabras-clave:
adolescentes, enfermedades transmisibles, inmunización.
A imunização é o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças infecciosas. Mesmo quando a imunidade gerada pela vacina não é total, quem está vacinado apresenta maior capacidade de resistência, na eventualidade da enfermidade surgir. Além da proteção pessoal, a vacinação traz também benefícios para toda a comunidade, pois quando a maior parte da população está vacinada, interrompe-se a transmissão da doença1.
O adolescente, assim como a criança, encontra-se susceptível a diversas doenças, necessitando ser imunizado. O esquema vacinal a ser aplicado será diferente para o adolescente que completou o calendário básico de imunizações (previamente imunizados) daquele que, por algum motivo, não tenha tido a possibilidade de ser vacinado (não vacinado). No caso do adolescente ter sido vacinado durante a infância, apenas as vacinas que necessitam de reforço deverão ser aplicadas1-3. O quadro abaixo resume os dois cenários (Quadro 1).
Abaixo, serão discutidas as particularidades de cada vacina em relação ao adolescente previamente vacinado, ou não.
Dupla adulto (dT - difteria, tétano)1-4
Via intramuscular profundaNo caso de esquema primário para tétano e difteria incompleto ou desconhecido, um esquema de três doses deve ser indicado, sendo a primeira dose com a vacina tríplice bacteriana acelular - difteria, tétano, coqueluche - dTpa e as demais com dT. As duas primeiras doses devem ter um intervalo de dois meses (no mínimo de quatro semanas) e a terceira dose seis meses após a segunda. Alternativamente, pode ser aplicada em três doses com intervalo de dois meses entre elas (intervalo no mínimo de quatro semanas)1,3.Adolescentes previamente vacinados devem receber 1 dose de reforço a cada 10 anos, sendo que preferencialmente o primeiro reforço deve ser realizado com a vacina dTpa1-4.A vacina dTpa além de ser menos reatogênica, quando comparada com a vacina dT, causando menos efeitos adversos1, também reduz a transmissão da bactéria Bordetella pertussis (presente na vacina dTpa), principalmente para os lactentes, que é uma faixa etária suscetível, com alto risco de complicações1,4.Efeitos adversos (dT - dTpa)febre (3%-14%)cefaleia (40%-44%)prostração (27%-37%)
Febre amarela1-4
Vacina de vírus atenuadoVia subcutânea1 dose, no caso do adolescente não ter sido imunizado previamente, e 10 anos depois, fazer 1 dose de reforço2.Efeitos adversosbem tolerada e pouco reatogênicafebre, cefaleia, mialgia (2%-5%)Adolescentes previamente vacinados até os 5 anos de idade não necessitam de dose de reforço3.Não deve ser administrada em adolescentes imunocomprometidos1,3,4Indicada para residentes ou viajantes para as áreas com doença endêmica (no Brasil, todos os estados das regiões Norte e Centro Oeste, Minas Gerais e Maranhão; alguns municípios dos estados do Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Aplicar a vacina pelo menos 10 dias antes da viagem2-4.Não deve ser administrada no mesmo dia que a vacina tríplice viral devido ao risco de interferência e diminuição de imunogenicidade. O intervalo recomendado entre a aplicação destas vacinas é de 30 dias3.Mulheres lactantes que foram inadvertidamente vacinadas deverão ter suspenso o aleitamento materno, no mínimo por 15 dias1,3.
Hepatite A1-4
Vacina de vírus inativadoVia intramuscular2 doses, com intervalo de 0 e 6 mesesEventos adversosdor no local da aplicação (53%-56%)cefaleia (14%-16%)mal-estar (7%)Contraindicação para seu uso: história de hipersensibilidade ao hidróxido de alumínio
Hepatite B1-4
Vacina de vírus inativadoVia intramuscular3 doses, com intervalo de 0, 1 e 6 mesesEfeitos adversosbem tolerada e pouco reatogênicador no local da aplicaçãofebre baixaAdolescentes não vacinados na infância para as hepatites A e B devem ser vacinados o mais precocemente possível para essas infecções. A vacina combinada para as hepatites A e B é uma opção e pode substituir a vacinação isolada para as hepatites A e B1,4A vacina combinada hepatite A e hepatite B (apresentação adulto) pode ser utilizada na primovacinação de adolescentes até 15 anos de idade, em 2 doses, com intervalo de seis meses entre elas. A última dose da vacina hepatite B será aplicada, então, com a vacina convencional. Acima de 16 anos, o esquema deverá ser com três doses, como descrito acima1,3.
HPV (papilomavírus humano)1-4
Vacina de vírus inativadoVia intramuscular (deltoide)3 doses (0, 1, 6 meses) ou (0, 2, 6 meses), dependendo do tipo de vacinaEfeitos adversosOs adolescentes devem estar sentados no momento da aplicação da vacina e devem ser observados por 15 minutos após a imunização, devido ao risco de síncope1.dor no local da aplicaçãoExistem 2 tipos de vacina disponíveis no Brasil: HPV2-bivalente (vacina com os VLPs (partículas semelhantes aos vírus - "virus-like particle" dos tipos 16 e 18), indicada para meninas maiores de 9 anos de idade, adolescentes e mulheres, com três doses (0, 1 e 6 meses após a primeira dose), e a vacina HPV4-quadrivalente (VLPs dos tipos 6, 11, 16 e 18), indicada para meninos, meninas, adolescentes e adultos jovens, de 9 a 26 anos, também três doses (0, 2 e 6 meses após a primeira dose)3,4O Programa Nacional de Imunizações (PNI) adotou no Brasil, a partir de 2014, esquema de vacinação estendido: 0, 6 e 60 meses com a HPV4. A população alvo é composta por adolescentes do sexo feminino, entre 11 e 13 anos de idade no ano da introdução da vacina (2014), na faixa etária de 9 a 11 anos no segundo ano (2015) e de 9 anos de idade do terceiro ano (2016) em diante3,4.Vacina contraindicada para gestantes1,4
Influenza1,3
Vacina de vírus inativadoVia intramuscular1 dose na primovacinação e 1 dose/ano, pois como a influenza é uma doença que cursa com mudanças de uma ou mais cepas a cada ano, a vacina tem a sua constituição alterada anualmente1,3Eventos adversos: são leves e pouco frequentesdor no local da aplicação (ocorre em 1/3 dos vacinados)febre (1% dos vacinados, 6 a 8 horas após a aplicação)reações alérgicas como urticária, angioedema, asma alérgica (raro)Por se uma doença sazonal, a vacina deverá ser realizada antes do período de maior prevalência da gripe (inverno), sendo aplicada geralmente no outono1,3Não deve ser administrada a pessoas com história de hipersensibilidade anafilática a proteínas do ovo da galinha1.
Meningocócica Conjugada (ACWY)1-4
Via de administração intramuscularNão vacinados: 1 dose, com 1 dose de reforço após cinco anos. Se a primeira dose for aplicada em adolescentes com 16 anos ou mais, não é necessário aplicar a dose de reforço1,2Previamente vacinados durante a infância: 1 dose de reforço a partir dos 11 anos de idade, devido à rápida diminuição dos títulos de anticorpos associados à proteção, evidenciada com todas as vacinas meningocócicas conjugadas1,3Na indisponibilidade da vacina meningocócica conjugada ACWY, substituir pela vacina meningocócica C conjugada1,3,4Efeitos adversosbem toleradador no local da aplicaçãoirritabilidadecefaleiafadiga
Pneumocócica1,3
Via intramuscularEfeitos adversoseritema doloroso ou não no local da aplicaçãofebre, irritabilidadesonolência, sono agitado, hiporexiavômitos e diarreiaA vacina deve ser aplicada em adolescentes que não foram imunizados na infância, que apresentem as seguintes situações de risco: asplenia funcional ou anatômica, infecção pelo HIV ou outra doença que leve à imunodeficiência, implante coclear1.Adolescentes com doença pneumocócica invasiva (DPI), vacinados previamente durante a infância, deverão receber, até 18 anos de idade, uma dose adicional com a vacina 13 valente3.
Tríplice Viral (sarampo, caxumba, rubéola)1-4
Vacina de vírus atenuadosVia subcutânea2 doses, com intervalo mínimo de quatro semanas entre elasContraindicada para adolescentes imunodeprimidos e gestantes1,4Efeitos adversosbem tolerada e pouco reatogênicafebre, exantema de curta duraçãoartralgia e artrite
Varicela1,4
Vacina de vírus atenuadosVia subcutânea2 doses, com intervalo mínimo de quatro semanasEfeitos adversosreações locais como dor, vermelhidão e edema (25%)febre (15%)exantema no local da vacinação (4%)A vacinação pode ser indicada na profilaxia pós-exposição dentro de cinco dias após o contato, preferencialmente nas primeiras 72 horas1Contraindicada para gestantes e adolescentes imunodeprimidos1,4
REFERÊNCIAS
1. Pickering LK, ed., Red Book, Report of Committee on Infectious Diseases. Elk Grove Village: American Academy of Pediatrics; 2012.
2. Brasil. Ministério da Saúde. [Acesso 9 Abr 2015]. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/197-secretaria-svs/13600-calendario-nacional-de-vacinacao
3. Sociedade Brasileira de Pediatria [Acesso 9 Abr 2015]. Disponível em: http://www.sbp.com.br
4. Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) [Acesso 9 Abr 2015]. Disponível em: http://www.sbim.org.br
Doutora em Ciências, Médica Pediatra do Serviço de Doenças Infecciosas do Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz
Endereço para correspondência:
Ana Cláudia Mamede Wiering de Barros
Instituto Fernandes Figueira
Av Rui Barbosa, 716, 2º andar, Ambulatório de adolescentes
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Tel: 2554 1789