ISSN-Online: 2236-6814

https://doi.org/10.25060/residpediatr



Artigo Original - Ano 2025 - Volume 15 - Número 1

Obstáculos no tratamento da dor pediátrica: visão dos profissionais de saúde de um hospital universitário

Barriers to children´s pain treatment: views of health professionals from a University Hospital

RESUMO

INTRODUÇÃO: O tratamento da dor na criança é considerado essencial no cuidado à sua saúde, devendo ser realizado através de uma excelente avaliação e planejamento terapêutico. Nesse cenário, ainda existem dificuldades na assistência e lacunas no conhecimento.
OBJETIVO: Verificar quais são as barreiras para o tratamento da dor na visão dos profissionais de saúde que trabalham em um hospital universitário.
MÉTODO: Estudo observacional, descritivo e transversal, do tipo survey, com profissionais de saúde dos diversos setores pediátricos do Hospital Universitário da Faculdade de Medicina de Jundiaí. Resultados: Foram 56 profissionais da saúde, média de 41 anos, 91,1% do sexo feminino, 80,4% com graduação em medicina e tempo médio de formação de 15 anos. Em torno de 65% utilizam escalas de avaliação de dor na rotina e 50% relataram que não há um protocolo para tratamento de dor infantil em seu setor de trabalho. Aproximadamente 83% acreditam que a dor é subdiagnosticada e/ou subtratada e 26,8% tiveram um bom aprendizado em dor durante a graduação. Em torno de 34% expressaram medo em prescrever opioides; em relação à morfina, 17,9% concordaram que ela é utilizada apenas em situações extremas e para pacientes em cuidados paliativos e 26,8% não se sentem confortáveis em prescrevê-la. Para melhorar o tratamento da dor, 67,5% sugerem a educação e treinamento, e quase 40%, a elaboração de protocolos institucionais.
CONCLUSÃO: As principais barreiras para o tratamento da dor foram: falta de treinamento/aprendizado em dor, ausência de protocolo institucional e falta de conhecimento para prescrição e manejo dos opioides.

Palavras-chave: Cuidados paliativos, Dor, Pediatria, Analgésicos opioides, Criança.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Thetreatmentof pain in children is considered essential in theirheathcareand mustbecarried outthrough excellent assessment and therapeutic planning. In this scenario, there are still difficulties in assistance and gaps in knowledge.
OBJECTIVE: To verify what are the barriers to pain treatment from the perspective of health professionals who work in a university hospital.
METHOD: Observational, descriptive and cross-sectional survey study, with health professionals from different pediatric sectors of the University Hospital of Jundiaí Faculty of Medicine.
RESULTS: There were 56 health professionals, an average of 41 years old, 91.1% female, 80.4% with a degree in medicine and an average training time of 15 years. Around 65% use pain assessment scales on a routine basis and 50% stated that there is no protocol for treating children pain in their work sector. About 83% believe that pain is underdiagnosed and/or undertreated and 26.8% had a good pai education during their graduation. Around 34% expressed fearof prescribingopioids. Regardingmorphine,17.9%agreed thatitis onlyused in extremesituations and forpatients in palliative care and 26.8% do not feel comfortable prescribing it. To improve pain treatment, 67.5% suggest pain education and training and almost 40% the development of institutional protocols.
CONCLUSION: The main barriers to pain treatment were: lack of training/ learning in pain, lack of institutional protocol and lack of knowledge for prescribing and managing opioids.

Keywords: Palliative care, Pain, Pediatricians, Analgesics, opioid Child.


INTRODUÇÃO

Experiências dolorosas fazem parte da vida de todas as crianças. A dor tem um propósito importante, servindo como um mecanismo de alerta ou proteção, e as pessoas que são incapazes de sentir dor muitas vezes sofrem extensos danos nos tecidos. Tem impacto nos aspectos funcionais e físicos da vida das crianças e no seu bem-estar psicológico e emocional1. O tratamento da dor é um direito do paciente e faz parte da excelência das práticas dos profissionais da saúde. Ele deve ser individualizado, baseado em abordagens farmacológicas e não farmacológicas, de acordo com os impactos nas diversas dimensões da dor2. Hoje, sabe-se que as crianças sentem dor e pode ser até mesmo comparada com a dos adultos, mas ainda há uma grande dificuldade para se tratá-la3,4. Mudanças ainda devem ser feitas, como a criação de protocolos de uso de tratamento farmacológico e até mesmo protocolos de avaliação da dor infantil5,6. Há estudos publicados sobre as dificuldades de tratamento da dor em pediatria, mas muitos deles não interagem com os diversos vieses existentes, seja o ensino dos profissionais e sua educação continuada, a cultura envolvida no medo de opioides e na própria falta de reconhecimento da dor pela criança e pelos pais delas, entre outros7,8. Nos últimos anos, departamentos específicos de Dor e Cuidados Paliativos foram criados nas sociedades de pediatria nacional e regionais, demonstrando que é um tema que necessita de muitos avanços9,10. Uma vez que o tratamento da dor na criança é considerado essencial no cuidado à sua saúde e deve ser realizado através de uma excelente avaliação e do planejamento terapêutico adequado, ainda existem muitos obstáculos à sua realização11. Por isso, este trabalho vem ao encontro das urgentes necessidades de conhecer as dificuldades e percalços para o tratamento eficaz da dor infantil, particularmente em um serviço de referência pediátrica. Dessa forma, é possível propor ações para a melhoria da educação e do treinamento dos profissionais de saúde, promovendo um impacto positivo no manejo da dor em crianças.


OBJETIVOS

Verificar quais são as barreiras ao tratamento da dor na visão dos profissionais de saúde que trabalham em um hospital universitário. Além disso, verificar quais são as dificuldades na prescrição de medicamentos analgésicos opioides e explorar as necessidades dos profissionais no que tange ao tratamento da dor na população pediátrica.


MÉTODO

Foi realizado um estudo observacional, descritivo e transversal, do tipo survey, através de questionário preenchido via plataforma Google Forms®. A população estudada consistiu em profissionais de saúde que trabalham nos diversos setores pediátricos do Hospital Universitário (HU) da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), constituídos por emergência pediátrica, unidades de terapia intensiva pediátrica e neonatal, enfermaria pediátrica, centro cirúrgico e obstétrico e alojamento conjunto. A amostra foi constituída por conveniência, uma vez que foram convidados todos os profissionais que preenchiam os critérios de inclusão.

Os critérios de inclusão foram: profissionais de saúde que trabalhem nos diversos setores pediátricos do HU da FMJ e que atuem diretamente no tratamento da dor de crianças com idades desde recém-nascidos até 18 anos. Foram considerados como participantes e atuantes neste tratamento: profissionais que avaliam ou prescrevem medicações para dor e aqueles que administram, separam ou preparam as medicações prescritas. Os critérios de exclusão foram profissionais que não atuem diretamente no tratamento da dor na população pediátrica do hospital. Foram realizados convites por e-mail institucional e rede social (Whatsapp®) aos profissionais de saúde referidos anteriormente para participação na pesquisa, através de um questionário elaborado pelos pesquisadores, com base na experiência e nas necessidades de contribuir para o entendimento das barreiras ao tratamento da dor na pediatria. A parte inicial do questionário destinou-se à caracterização demográfica (sexo, idade, especialidade, anos e grau de formação) dos participantes do estudo. As demais questões foram realizadas com o intuito de caracterizar os conhecimentos, as principais práticas e dificuldades encontradas na abordagem da dor pediátrica, sendo que o padrão de perguntas e opções de resposta seguiu o recomendado pela literatura12. Após a concordância em participar da pesquisa, o investigado teve acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TLCE), que constava na primeira página do formulário, sendo necessária a confirmação da autorização do voluntário para que prosseguisse com as questões. Os resultados foram tabulados e analisados com auxílio de programa estatístico Statical Package for Social Science For Windows (SPSS) versão 25.0. O desfecho primário do estudo foi uma avaliação quantitativa, portanto foram realizadas uma avaliação descritiva contemplando: medidas de tendência central, de variação e de posição, para variáveis contínuas; tabelas de frequência, para as variáveis categóricas; gráficos para apresentar os resultados de algumas das perguntas, com o foco em facilitar a visualização delas. Os resultados foram expressos como proporções estimadas e nos seus intervalos de confiança de 95%. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 73401523.1.0000.5412) e todos os participantes assinaram o TCLE.


RESULTADOS

Participaram da pesquisa 56 profissionais da saúde, com as seguintes características: 91,1% eram do sexo feminino, idade média de 41 anos (IC 95%; 37,55 -44,02), sendo que 25% têm até 30 anos; 80,4% têm graduação em medicina e 17,4% em enfermagem, com o tempo médio de término de 15 anos (IC 95%; 12,11 -18,72); entre aqueles que fizeram residência médica em Pediatria (53,6%), o tempo médio entre o término da residência e os dias atuais foi de 19 anos (IC 95%; 15,32 - 22,94). A maioria dos participantes relatou trabalhar em emergência pediátrica (33,9%), seguida pelos serviços ambulatoriais (17,9%). Os profissionais que declararam ter especialização ou residência em Pediatria foram 57,1% e, somados aos que declararam estar em formação (para residência ou especialização em Pediatria), totalizaram 85,7% dos participantes. A subespecialidade mais citada foi a Neonatologia (8,9%). Foram consideradas 3 categorias de resposta: (1) concordo: englobou os itens concordo totalmente e concordo; (2) não concordo nem discordo e (3) discordo: englobou os itens discordo totalmente e discordo.

Em torno de 65% dos participantes declararam que concordam com a afirmativa de sempre utilizar uma escala de avaliação de dor ao realizar o exame físico ou os sinais vitais em uma criança. Em relação à afirmativa de que há um protocolo para tratamento de dor infantil em seu setor de trabalho, 50% dos profissionais discordaram (Gráfico 1). Uma porcentagem considerável dos participantes (82,1%) respondeu acreditar que a dor é subdiagnosticada e/ou subtratada nos hospitais pediátricos.




Na abordagem sobre o conhecimento individual para o tratamento da dor pediátrica, apenas 26,8% concordaram que tiveram um bom aprendizado para o tratamento da dor pediátrica durante a graduação e 37,7% durante a residência e/ou especialização. Quando foi explorado sobre a prática da prescrição de opioides, 34% expressaram medo em prescrevê los e 7,1% dos respondedores não eram prescritores; 32,1% não sabem como conseguir o receituário para esta medicação e 50% não conhecem todos os opioides fornecidos pelo hospital para prescrição e uso (Gráfico 2).




Em relaçãoà morfina, 17,9% dos participantes concordaram que ela é utilizada apenas em situações extremas e para pacientes em cuidados paliativos; 26,8% não se sentem confortáveis em prescrevê-la. Quando questionados sobre os sentimentos que experimentavam quando prescreviam ou administravam opioides para o tratamento da dor na criança, 46% relataram receio e insegurança e 38% medo (Gráfico 3). Ainda sobre a prescrição de opioides, 34% informaram não se sentir seguros para prescrever esse tipo de medicação, 23% referiram não saber prescrever e 21% não relataram dificuldades.




Quando questionado se em seu hospital há um protocolo-padrão para tratamento da dor infantil, 43% responderam que não há. Quanto ao questionamento do que pode ser feito para melhorar/otimizar o uso de opioides em geral, as respostas mais frequentes estão descritas na Tabela 1.




DISCUSSÃO

O presente estudo identificou alguns obstáculos no tratamento da dor pediátrica pelos profissionais de saúde do HU/FMJ. O conhecimento e as atitudes da equipe pediátrica podem afetar a sua capacidade de fornecer um tratamento adequado à dor infantil. O seu manejo insuficiente ou o seu não tratamento eficaz pode ser prejudicial tanto psicológica quanto fisiologicamente; além disso, pode levar ao comprometimento do funcionamento familiar e à diminuição da qualidade de vida da criança. A necessidade de avaliar as principais barreiras e falhas na conduta perante a dor aguda em idade pediátrica, tem motivado a realização de estudos em vários países, com conclusões semelhantes13,14.

Uma abordagem abrangente para avaliação da dor de tratamento apropriado possa ser elaborado15. Na em crianças requer uma avaliação tanto das características literatura, é recomendado que os prestadores de cuidados da dor (dimensões sensoriais) quanto em relação à criança de saúde selecionem e empreguem ferramentas adequadas, que a sente (fatores emocionais, familiares e situacionais). representadas principalmente por escalas de dor validadas e Essas informações são críticas para a compreensão de de acordo com as faixas etárias. No Brasil, uma das principais quais fatores estão afetando a dor, para que um programa escalas validadas para o português é a FLACCr, utilizada em crianças não verbais ou comprometimento cognitivo, na faixa etária de 4 a 19 anos, sendo uma escala observacional. Porém, existem importantes influências nessa avaliação, representadas pelos fatores do desenvolvimento individual, experiências dolorosas anteriores e das atitudes dos pais nas percepções e expressões de dor de seus filhos15-18. Em nosso estudo, 64,3% dos participantes utilizam uma escala de dor sempre que realizam exame físico ou sinais vitais em uma criança. Freitas et al. (2014)18 encontraram um total de 84% de profissionais de saúde que realizavam avaliação da dor na rotina hospitalar por meio de avaliações clínicas, instrumentos ou relatórios de mensuração da dor e observações comportamentais, porém apenas 29% dos profissionais relataram o uso de ferramentas de medição padrão, embora 43% tenham relatado que possuíam instrumentos de mensuração da dor disponíveis em seu setor de trabalho17. Já del Castilho et al. (2022)19 encontraram um total de 78,7% de uso de tais escalas, porém sem padronização. Em estudo brasileiro em unidades de terapia intensiva neonatal, foi visto que 60,6% utilizam escalas dentro de protocolos de tratamento da dor20. É imperativo que as instituições ofereçam apoio à equipe de saúde por meio da padronização e distribuição de escalas de dor, educação e capacitação para empregar as escalas de dor, de acordo com a condição clínica e as possibilidades de comunicação da criança21.

Um outro ponto fundamental é a existência deprotocolos para o tratamento da dor pediátrica. É previamente reconhecido que uma assistência conduzida a partir de protocolos assistenciais, principalmente aqueles que são construídos com a participação dos profissionais da assistência, tende a repercutir de forma positiva na qualidade da avaliação da dor e seu tratamento. Diretrizes e protocolos estruturados produzem uma sistematização para o atendimento à dor e potencializam os desfechos, apresentando-se como instrumentos úteis para o manuseio multifacetado da dor, contribuindo para a qualificação profissional e tomada de decisão20. Em nosso estudo, 50% dos participantes declararam que não há um protocolo para tratamento de dor infantil em seu setor de trabalho. Oliveira (2022)13 mostraram que 51,9% dos médicos referiram a sua utilização. Em outros estudos, os profissionais de saúde reportaram a falta de protocolos adequados ou direcionados para a abordagem da dor aguda em pediatria17,18,20. Nesse cenário, acreditamos que a falta de ferramentas adequadas para avaliação da dor, a pouca capacitação dos profissionais de saúde e a ausência de protocolos institucionais são alguns dos fatores que culminaram em uma porcentagem expressiva de participantes do nosso estudo (82,1%) que acreditam que a dor é subdiagnosticada e/ou subtratada nos hospitais pediátricos.

Para o respaldo técnico da prática do tratamento da dor,é imprescindível o conhecimento e a experiência. É frequente a menção na literatura sobre falta de formação e educação em dor pediátrica, o que contribui para a persistência de alguns mitos e barreiras no uso de medicamentos, insegurança no manejo de efeitos colaterais e doses adequadas, desconhecimento da gama de analgésicos e medicamentos adjuvantes, além de terapêuticas não farmacológicas para o alívio da dor19. Em nosso estudo, 26,8% tiveram um bom aprendizado para o tratamento da dor pediátrica durante a graduação e 37,7% durante a residência e/ou especialização. Quando foi explorado sobre a prática da prescrição de opioides, 34% expressaram medo em prescrevê-los, 32,1% não sabem como conseguir o receituário para essa medicação e 50% não conhecem todos os opioides fornecidos pelo hospital para prescrição e uso. Estudos semelhantes também encontraram este mesmo cenário: 50,8% dos profissionais não receberam treinamento em manejo da dor ao longo de sua formação e 52,6% relataram que o hospital não lhes ofereceu nenhum treinamento no manejo da dor nos últimos 12 meses, segundo Freitas et al. (2014)18; 48,9% não tiveram formação em dor em estudo etíope de Lulie et al. (2022)22; e 50,7% não tinham treinamento específico para del Castilho et al. (22)19. Tendo em conta os resultados encontrados, reconhece-se a necessidade de formação nessa aérea, com maior incidência no treino e aplicação prática de conhecimentos teóricos.

O manejo eficaz da dor depende de um bom conhecimento técnico de farmacologia, fisiologia e patologia, além da capacidade de aplicá-lo para atender às necessidades individuais do paciente13,23. Quando exploramos aspectos da prescrição de opioides, 26,8% não se sentem à vontade para prescrever tais medicamentos. Dados semelhantes foram encontrados na literatura onde 51,9% dos entrevistados não possuíam experiência com a prescrição de opioides13. Alguns autores relataram que esse conhecimento deficitário e o acesso aos opioides constitui uma importante barreira ao tratamento da dor nos países de baixa e média renda24.

Ainda nesse cenário, 46% dos participantes referiram sentir-se ansiosos e inseguros, 34% não se sentem seguros para prescreverem opioides e 23% referiram não saber prescrever esses fármacos. Dados da literatura demonstram que a falta de segurança e medo de efeitos adversos, por profissionais de saúde, ao prescreverem opioides, principalmente em doses maiores, pode ser responsável pelo tratamento inadequado da dor24. Segundo a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), as principais barreiras para o tratamento da dor são: educação e formação inadequada dos profissionais de saúde, as dificuldades na avaliação da dor, a falta de conhecimento sobre a farmacologia dos opioides, conversão, equianalgesia e rotação, o uso inadequado de adjuvantes, diagnóstico e tratamento inadequado de eventos adversos, medo de eventos adversos dos opioides, tolerância e dependência analgésica, falta de prioridade no tratamento da dor, estabelecimento de plano analgésico baseado no prognóstico e não na intensidade da dor; e, finalmente, as dificuldades na reavaliação da dor e dos tratamentos propostos. Investimentos na educação continuada desses profissionais são imprescindíveis para mitigar o sofrimento vivenciado pelos pacientes com dor18.

Por fim, em nosso estudo, houve importantes sugestões pelos participantes para melhorar o uso de opioides em geral e consequentemente impactar no tratamento da dor. Os pontos mais citados foram: promover educação em dor através de atualização e melhora do conhecimento, incentivando seu início da graduação; capacitação e treinamento da equipe; elaboração e implantação de protocolos de tratamento da dor infantil e sensibilização dos profissionais para a importância desse tratamento. A equipe de saúde é responsável por aliviar a dor dos pacientes, desempenhando um papel fundamental no seu tratamento. Os objetivos do manejo da dor incluem: reduzir a sua intensidade e a duração, o estresse fisiológico e emocional; aumentar a capacidade de adaptação e melhora do paciente; e desenvolver intervenções eficazes com risco mínimo para o paciente. Os resultados mostraram que competências inadequadas da equipe tais como experiência insuficiente, défices de conhecimento, subestimação da avaliação da dor e a falta de programas de formação em serviço, os impedem de prestar cuidados adequados25.

O presente estudo tem algumas limitações. Primeiramente, foi um estudo descritivo com objetivo apenas de mapeamento, sem estabelecer relações entre variáveis. Em segundo lugar, os resultados foram baseados em autorrelatos e nas percepções dos participantes. Não foram feitas observações diretas das ações dos profissionais no contexto clínico. As respostas dos participantes foram analisadas em conjunto, sem discriminação de categoria profissional. Esses pontos poderiam ser abordados em estudos futuros.


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1. Faculdade de Medicina de Jundiaí, Departamento de Pediatria - Jundiaí - São Paulo - Brasil
2. Faculdade de Medicina de Jundiaí, Residência Médica em Pediatria - Jundiaí - São Paulo - Brasil
3. Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Medicina - São Carlos - São Paulo - Brasil

Endereço para correspondência:

Poliana Cristina Carmona Molinari
Faculdade de Medicina de Jundiaí, Departamento de Pediatria - Jundiaí - SP - Brasil. R. Francisco Teles, 250, Vila Arens
Jundiaí, SP, Brasil. CEP: 13202-550.
E-mail: polianamolinari@yahoo.com.br

Data de Submissão: 01/02/2024
Data de Aprovação: 19/03/2024