ISSN-Online: 2236-6814

https://doi.org/10.25060/residpediatr



Artigo de Revisao - Ano 2025 - Volume 15 - Número 1

Distúrbios do sono em adolescentes: uma avaliação crítica da influência dos dispositivos eletrônicos - revisão de literatura

Sleep disorders in adolescents: a critical evaluation of the influence of electronic devices - literature review

RESUMO

OBJETIVO: Apresentar uma revisão narrativa da literatura sobre o impacto do uso excessivo de aparelhos eletrônicos por adolescentes na qualidade do sono.
FONTES DE DADOS: Foram revisados artigos listados nos repositórios do PubMed e National Library of Medicine, utilizando os termos de busca sono, adolescência, celulares, mídias eletrônicas, assim como livros e referências diversas.
SÍNTESE DE DADOS: A adolescência é uma fase marcada por mudanças profundas, afetando o bem-estar dos jovens. O sono é crucial, mas tem sido afetado pelo uso intenso de mídias sociais e eletrônicos, resultando em desafios para o aprendizado, equilíbrio emocional e saúde física e mental.
CONCLUSÃO: Os dispositivos eletrônicos impactam negativamente o sono dos adolescentes de várias formas, seja pela emissão de luz azul, pela influência das mídias sociais ou por fatores externos. Portanto, é crucial adotar estratégias abrangentes para promover hábitos saudáveis de sono e, assim, melhorar a qualidade e a duração do sono nessa faixa etária.

Palavras-chave: Transtornos do sono-vigília, Adolescente, Ritmo circadiano, Smartphone, Poluição luminosa.

ABSTRACT

OBJECTIVE: To present a scoping review of the literature concerning the impact of excessive use of electronic devices by teenagers on sleep quality.
DATA SOURCES: Articles listed in the repositories of PubMed and the National Library of Medicine, using the search terms sleep, adolescence, smartphones, eletronic midia, books and other references were analyzed.
SYNTHESIS OF DATA: Adolescence is a phase characterized by profound changes that impact the well-being of young individuals. Sleep is crucial but has been affected by the extensive use of social media and electronics, leading to challenges in learning, emotional balance, and both physical and mental health.
CONCLUSION: Electronic devices have a negative impact on teenagers sleep in various ways, be it through the emission of blue light, the influence of social media or external factors. It is therefore crucial to adopt comprehensive strategies to promote healthy sleep habits and thus improve the quality and duration of adolescents sleep.

Keywords: Sleep wake disorders, Circadian rhythm, Adolescent, Smartphone Light pollution.


INTRODUÇÃO

A fase da adolescência se caracteriza por um período de transformações significativas, abrangendo tanto questões físicas como emocionais, cujo impacto se insinua profundamente no bem-estar dos jovens, manifestando-se como uma das transições cruciais no ciclo de existência1, situando-se apenas em posição inferior àquela inerente à fase da primeira infância2.

Entre os elementos fundamentais para o desenvolvimento saudável nessa fase da vida, muitas vezes relegado, desponta o sono3. Inegavelmente, o sono assume um papel primordial na consolidação do aprendizado4, na regulação do equilíbrio emocional5 e na preservação da integridade física e psicológica6. Contudo, tornou-se objeto de crescente apreensão a qualidade e a quantidade de sono que os adolescentes têm vivenciado atualmente, em razão, em parte, da disseminação exponencial do emprego de mídias sociais7 e uso excessivo de dispositivos eletrônicos8.

Os adolescentes se deparam com desafios singulares quando se trata do sono, visto que a transição rumo à independência social9, a pressão acadêmica10 e a imersão na era dos dispositivos eletrônicos8 convergem de maneira preocupante, ameaçando de forma latente a qualidade do sono essencial.

Nota-se que esse pensamento encontra respaldo na obra de Dornbusch, que aponta que o sono resulta de uma interação intricada entre múltiplos e variados processos tais como: amadurecimento e evolução, comportamentos específicos e sistemas internos de sono e ritmo circadiano. Cada elemento provavelmente tem um papel crucial ao longo da passagem da fase infantil para a adulta11.

O presente artigo apresenta uma revisão narrativa da literatura, e tem como objetivo discutir e descrever de forma crítica o “estado da arte” sobre características do sono na adolescência e especificamente o impacto do uso excessivo de aparelhos eletrônicos e sua influência na qualidade do sono.

Foram revisados artigos listados nos repositórios do PubMed e National Library of Medicine, em busca ampla utilizando os termos sono, adolescência, celulares, mídias eletrônicas, assim como livros, capítulos de livros e referências diversas.


ORGANIZAÇÃO DO SONO E CICLO CIRCADIANO: ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS

As distintas fases do sono se desdobram em múltiplas etapas intricadas, dado que esse fenômeno biológico exerce influência abrangente sobre todas as facetas das funções físicas e mentais humanas, desde a regulação dos níveis hormonais12 até o tônus muscular13, passando pela modulação da frequência respiratória14 e pelos processos cognitivos15.

Essas marcantes mudanças comportamentais refletem na atividade elétrica cerebral durante o período de sono. Para identificar os diferentes estágios do sono, são comumente utilizados parâmetros cerebrais (atividade bioelétrica) e extracerebrais, os movimentos oculares rápidos monitorados por meio do eletrooculograma (EOG), e a tonicidade muscular avaliada pelo eletromiograma (EMG)16.

Com base nessas medidas, é possível segmentar o fenômeno do sono em dois estágios que se alternam durante uma noite de sono: o sono REM e o sono NREM17. No primeiro temos a presença de movimentos oculares rápidos (em inglês “rapid eye movement”) e no segundo a ausência desses movimentos (em inglês “non rapid eyes movements”).

O sono NREM é dividido em 3 fases (N1, N2 e N3)18,19. O estágio N1 do sono representa a transição entre o estado de vigília e o adentrar ao sono, caracterizado por um momento em que este parece sobremaneira iminente, porém ainda não plenamente estabelecido18. Por sua vez, o estágio N2 é marcado pelo relaxamento do tônus muscular, movimentos oculares lentos de um lado para outro, uma gradual regularização e desaceleração da respiração, além de uma queda gradual na temperatura corporal20. A fase N3 revela-se, por meio da análise do eletroencefalograma (EEG), pela manifestação de uma notável parcela de oscilações delta, isto é, pela presença de uma frequência cerebral mais lenta (inferior a 5 Hz) também denominado sono de ondas lentas profundas16. As oscilações delta ostentam o papel de indicadores de uma redução substancial na atividade cerebral excitatória, juntamente com um incremento na sincronia da atividade cortical e talâmica21. Ao longo da fase N3, a respiração adota um ritmo lento e regular, o ritmo cardíaco decresce, os músculos se relaxam e a temperatura corporal novamente diminui gradualmente18.

De maneira notável, o sono REM está conectado a uma hipotonia acentuada, poupando, entretanto, o diafragma, fruto da inibição dos neurônios motores na medula espinhal mediante vias descendentes20. Os neurônios motores no tronco cerebral, responsáveis pelo controle dos movimentos oculares, não sofrem inibição, visto que os olhos continuam a se mover durante essa fase do sono20,22.

O ciclo do sono nas crianças (acima de 6 meses), adolescentes e adultos inicia no estágio NREM, e consiste na sequência ordenada das fases N1 a N3, seguidas por um curto período de sono REM, e assim se repete ao longo da noite em um padrão que podemos descrever como uma oscilação suavemente atenuada18,19. À medida que a noite avança, a profundidade do sono NREM diminui progressivamente, enquanto a duração do sono REM aumenta18.

Efetivamente, o que estabelece a oportunidade para o recolhimento noturno, faz-se compreender o sono em um comportamento relacionado aos ritmos circadianos que o permeiam, caracterizado por fases cíclicas e correspondentes23.

Em todos seres vivos, o ciclo do sono é regido pelo movimento rotacional da Terra e pelos indicadores temporais, ou seja, os sincronizadores, que delineiam a alternância entre luz do dia e escuridão noturna24. Nesse contexto, o principal marcador temporal é, invariavelmente, o amanhecer diário.

Desde tempos antigos, os ritmos endógenos, cujo ciclo oscila em torno de 24 horas, conhecidos como ritmos circadianos, predominam de forma incontestável em toda a fauna e flora25. Estes parecem ter evoluído de maneira a otimizar a exploração do ciclo natural de luz e escuridão, antecipando o amanhecer, mesmo na ausência de sinais luminescentes evidentes24.

Todavia, a sincronização do sono com a cadência dia-noite está relacionada à intricada dança de cronometragem que envolve um punhado de células ganglionares presentes na retina, com a capacidade ímpar de reagir diretamente à luz e encaminhar seus sinais ao núcleo supraquiasmático (NSQ) do hipotálamo20,26.

Para sincronizar os processos fisiológicos com o ciclo de dia e noite de uma forma mais sofisticada, porém ainda compreensível, é necessário que o relógio biológico seja capaz de detectar as diminuições nos níveis de luminosidade à medida que a noite se aproxima24,27. Essa detecção ocorre por meio de receptores localizados na camada externa do núcleo da retina, o que não surpreende, pois a remoção ou a ocultação do olho resulta na eliminação do efeito de arrastamento causado pela luz27.

Contudo, vale ressaltar que esses receptores na retina não são os tradicionais cones e bastonetes, geralmente associados à visão e que se hiperpolarizam quando expostos à luz, essas células ganglionares especiais possuem um fotopigmento inovador conhecido como melanopsina e, ao serem estimuladas pela luz, despolarizam-se em vez de se hiperpolarizarem26. A função primordial desses fotoreceptores peculiares, sem dúvida, é codificar a luminosidade do ambiente e, assim, efetuar os ajustes necessários no relógio biológico23,24,27.

Esses neurônios pré-ganglionares exercem sua influência sobre os neurônios localizados nos gânglios cervicais superiores, cujos axônios pós-ganglionares se estendem em direção à glândula pineal, situada na região média do cérebro, próxima ao tálamo dorsal24. A glândula pineal, por sua vez, realiza a síntese do neuro-hormônio responsável pela promoção do sono, conhecido como melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina), a partir do aminoácido triptofano28.

Posteriormente, a glândula pineal libera a melatonina na corrente sanguínea, onde ela exerce sua influência sobre os circuitos cerebrais localizados no tronco encefálico que desempenham um papel crucial na regulação do ciclo sono-vigília29.

É importante notar que a produção de melatonina aumenta à medida que a intensidade da luz ambiental diminui, atingindo seu pico máximo entre as 2 e 4 horas da manhã30. Entretanto, quando as células ganglionares não identificam uma redução efetiva da luminosidade devido à exposição prolongada a dispositivos eletrônicos, ocorre uma inibição da produção de melatonina31. Tal fenômeno acarreta consequências significativas na qualidade do sono, manifestando-se muita das vezes sob a forma de distúrbios do sono32.


A ADOLESECENCIA NOS TEMPOS MODERNOS E O USO EXCESSIVO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS

Viver na era contemporânea, marcada pela ubíqua presença da conectividade digital, constitui uma realidade desafiadora e, em muitos casos, quase inescapável para maior parte da população33. Nesse cenário, é inegável que os adolescentes representam uma parcela significativa desse amplo contingente de pessoas interligadas, conectadas a dispositivos eletrônicos variados34.

Entretanto, não se limitando a esse aspecto, os adolescentes estão vivenciando profundas transformações, sobretudo devido à intensa incorporação da tecnologia eletrônica em suas vidas.

Segundo Jean M. Twenge, uma psicóloga norte-americana especializada em pesquisas sobre as disparidades geracionais, a atual geração de adolescentes é comumente referida como “Geração I” ou até mesmo “iGen”, compreendendo aqueles nascidos no Brasil entre os anos 2000 e 2009, e nesse cenário, é notável a maneira como esses dispositivos tecnológicos passaram a permear as experiências interpessoais, sociais, emocionais dos adolescentes e aspectos relacionados à saúde destes de uma forma nunca experimentada por gerações anteriores35. Em seu livro intitulado iGen, publicado em 2017, a autora apresenta, logo nas páginas iniciais, a concepção de que a preeminência incontestável do smartphone entre os jovens exerceria impactos abrangentes em todos os aspectos da vida da geração I. Desde as interações sociais até a saúde mental, sendo esta a primeira geração a ter acesso ininterrupto à internet e devido a essas inúmeras influências a geração I se destacaria de suas predecessoras na maneira como seus membros dedicam seu tempo35.

Segundo os dados compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último trimestre de 2021, a porcentagem de indivíduos brasileiros com idades entre 10 e 13 anos que utilizaram a internet alcançou 82,2% do total de entrevistados nessa faixa etária, enquanto na população entre 14 e 17 anos, esse número aumentou para 90,9%36.

Outro dado relevante, exemplificando tal panorama, constitui a pesquisa “TIC Kids Online Brasil 2023”, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), que revelou que 83% dos adolescentes com idades entre 9 e 17 anos enfatizaram utilizar a Internet “mais de uma vez por dia”37.

Diante desses dados, a convivência com o uso constante desses dispositivos eletrônicos mostra-se uma realidade inegável, e, embora traga benefícios indiscutíveis, como acesso à informação e comunicação instantânea, os malefícios muitas vezes sobressaem os aspectos positivos, principalmente quando se trata da saúde dos adolescentes38, podendo ser consideradas as implicações para a saúde física, mental, cognitiva e social39 do uso de telefones celulares em usuários jovens.

Dentre os inúmeros dispositivos tecnológicos que fazem parte do cotidiano dos adolescentes, é imperativo destacar o uso intensivo de smartphones, tablets, computadores e outros dispositivos semelhantes40. Esses aparelhos contribuem para uma má qualidade de saúde entre os jovens, desde a preferência circadiana noturna, o número de outras atividades após as 21h, o horário de desligamento tardio e o número de dispositivos no quarto, demonstrando diferentes influências negativas na qualidade do sono em pré-adolescentes e adolescentes afetando tanto aspectos físicos quanto mentais41.

Por conseguinte, a faixa etária da adolescência está inclusa ativamente na revolução digital social e embora a era contemporânea marcada pela modernidade e avanços tecnológicos proporcione inegáveis benefícios42, torna-se imperativo haver consciência das potenciais adversidades decorrentes do uso exacerbado de dispositivos eletrônicos, sobretudo no contexto da saúde43. Para além das consequências como a privação de sono, o adolescente pode encontrar-se suscetível a uma série de riscos relacionados aos distúrbios do sono previstos em inúmeros estudos já realizados2,8,38,41.


OS DESAFIOS CONCERNENTES À QUALIDADE DO SONO DURANTE A ADOLESCÊNCIA

Pesquisas indicam que os indivíduos destinam cerca de um terço de suas existências ao repouso44, uma prática crucial visando assegurar uma revitalização ao despertar no dia subsequente, uma vez que o sono não é apenas reconfortante, mas também imprescindível para o nosso funcionamento cognitivo normal15 e para a nossa sobrevivência45.

A qualidade do sono é influenciada pela satisfação pessoal que um indivíduo experimenta em relação a diversos aspectos de sua experiência durante o repouso. Este fenômeno abarca quatro elementos primordiais: a eficiência do sono, o tempo necessário para adormecer, a duração do sono e o tempo acordado após o início do sono. Esta última variável pode variar entre os indivíduos, resultando em diferentes padrões de sono, tais como durações curtas ou prolongadas, os quais são influenciados por fatores como genética, idade e estilo de vida46.

Os determinantes da qualidade do sono incluem aspectos físicos, tais como idade, ritmo biológico, peso corporal e os estágios do sono (NREM e REM), bem como aspectos psicológicos, tais como estresse, ansiedade e depressão. Adicionalmente, fatores ambientais, tais como temperatura do ambiente e utilização de dispositivos eletrônicos, são considerados, juntamente com compromissos familiares e sociais que podem impactar o período de descanso.

Embora não seja possível determinar uma duração precisa de sono noturno garantindo uma revitalização completa ao despertar, pesquisadores de diversas localidades geográficas participaram de consenso promovido pela “National Sleep Foundation” que estabeleceu um consenso para a duração total do sono em diferentes faixas etárias ao longo da vida. Para adolescentes a indicação é de 8-10 horas de sono por noite, podendo existir uma variação entre 7-11 horas47.

No entanto, uma pesquisa recente conduzida no Brasil expôs que 54,7% dos adolescentes avaliados, 11.525 estudantes de ambos os gêneros, que frequentam o ensino médio em instituições públicas na localidade de Fortaleza, e cujas idades oscilam em média entre 14 e 17 anos, não atingem o patamar mínimo de oito horas de sono recomendado48. Isso implica que uma proporção significativa de adolescentes não desfruta de uma quantidade e qualidade adequada de sono, comprometendo assim seu bem-estar.

Estudo realizado com adolescentes (10-18 anos) provenientes de 3 escolas de São Paulo evidenciou privação de sono em 39% da amostra, e relação entre idade (os mais velhos) e hiperidrose durante o sono como fator de risco49.

Em estudo de base populacional realizado através de questionário online respondido por pais e responsáveis de crianças e adolescentes de todas as regiões do Brasil, foi observada prevalência de problemas de sono na faixa de 33.4% entre os adolescentes utilizando a escala de Pittsburg50.

Na pandemia de COVID-19, em estudo com metodologia semelhante ao da referência anterior, essa taxa aumentou para 56,6% em 2020 e após reduziu para 54,2% em 2021. Nesse estudo foi feita uma pergunta final onde o respondente deveria indicar se durante a pandemia seu sono ficou igual, melhorou ou piorou. Para os que assinalaram piorou, seguia uma pergunta qualitativa pedindo para descrever com uma ou duas palavras o porquê dessa piora. Entre os adolescentes, as respostas mais prevalentes foram ansiedade, aumento no uso de eletrônicos e dormir mais tarde51,52.

A qualidade do sono na adolescência desempenha um papel crucial, uma vez que os adolescentes que usufruem de um sono adequado experimentam uma infinidade de impactos positivos em sua vida, abarcando melhorias em seu bem-estar físico/psicológico e cognitivo6,15. Tal fenômeno se justifica pela interconexão bidirecional entre o sono e o desenvolvimento cerebral, exercendo impacto sobre facetas como aprendizagem/memória, atenção/cognição15 e processamento emocional nessa etapa da vida15,53,54.

O sono figura como um fator determinante de extrema importância para a saúde física, pois há evidências que apontam uma relação direta entre a privação, assim como o excesso de sono, e um aumento significativo no risco de desenvolver problemas cardiometabólicos, doenças cardiovasculares e até mesmo uma elevação na taxa de mortalidade por todas as causas55-59.

Contudo, à medida que a qualidade do sono desempenha um papel crucial no fomento de benefícios relacionados à saúde, a ausência dessa qualidade também exerce uma função fundamental no surgimento de problemas vinculados à privação e a distúrbios do sono, condições frequentes e passíveis de tratamento entre os adolescentes60.

Essa questão assume particular relevância, considerando que essa faixa etária atravessa transformações rápidas no desenvolvimento físico e na regulação emocional61, tornando-os mais suscetíveis a uma série de repercussões adversas.

Os distúrbios do sono na adolescência frequentemente têm origens em diversas causas, abrangendo fatores socioeconômicos e culturais62-64. Pesquisas têm evidenciado que a condição de carência está correlacionada a uma menor extensão e qualidade do sono, embora seja pertinente observar que os resultados podem divergir conforme o enfoque e os objetivos específicos de cada estudo64-66.

Ademais, o uso exacerbado de dispositivos eletrônicos, como anteriormente exposto neste artigo, como uma realidade amplamente observada entre a maioria dos adolescentes36,37,40, desempenha, de igual modo, uma função de importância substancial na qualidade do sono8,38,41.


OS IMPACTOS ADVINDOS DA UTILIZAÇÃO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS NA SAÚDE DOS ADOLESCENTES

A privação do sono e a sonolência diurna são questões de grande relevância para a saúde dos adolescentes, com implicações sérias. Os distúrbios do sono emergem como uma das principais complicações nesse contexto32,60.

As novas tecnologias, plataformas digitais e comportamentos relacionados às redes sociais estão em constante evolução, por vezes ultrapassando nossa compreensão plena quanto ao seu impacto no sono e na saúde43. Esse fenômeno decorre tanto da natureza estimulante do conteúdo das redes sociais7 quanto da exposição à luz artificial emitida pelos dispositivos eletrônicos69, fatores que podem culminar em maior agitação e dificuldade em induzir o sono.

De forma análoga, a ampla e prolongada utilização das plataformas de mídia social desde a fase inicial da vida até o período da adolescência, abrangendo a transição pela pré-adolescência, suscita indagações pertinentes acerca de seu impacto multifacetado no processo de desenvolvimento7,38, englobando não apenas o bem-estar físico e mental, mas também, de modo particular, a qualidade do repouso noturno41.

Diversos estudos abordam a questão do impacto do uso de telas e mídias digitais no sono dos adolescentes67-75, a seguir relatamos os achados principais.

Amra et al. (2017)67, em pesquisa investigativa envolvendo 2.400 adolescentes iranianos (12-18 anos), observaram que o uso de aparelhos celulares durante a noite estava associado a uma diminuição na qualidade do sono. Foi também constatado que os participantes que mantinham um nível de atividade física mais elevado desfrutavam de um sono de melhor qualidade, com uma duração mais prolongada.

Adelantado-Renau et al. (2019)68, em estudo realizado com 269 adolescentes espanhóis, observaram que o tempo dedicado à utilização da internet mediava a relação entre a qualidade do sono e o desempenho acadêmico. Concluindo que reduzir o tempo de exposição à internet poderia ser uma intervenção viável para aprimorar a qualidade do sono, potencialmente impactando positivamente o rendimento acadêmico.

Shimoga et al. (2019)69, em investigação de base populacional nos Estados Unidos, incluindo 43.994 estudantes (8º, 10º e 12º do ensino médio) que faziam uso de plataformas digitais, verificaram correlação entre a adesão às redes sociais, prática de atividades físicas e probabilidade de dormir pelo menos 7 horas de sono/noite. Observaram que os usuários diários de mídias eletrônicas tinham uma impressão errônea do sono adequado e privação de sono.

Bruni et al. (2015)41 avaliaram o uso de diferentes mídias eletrônicas no sono e cronotipo de 850 adolescentes e pré-adolescentes. Observaram que a tendência a cronotipo noturno ocorreu em ambos os grupos e estava relacionada a diferentes usos de mídia. Após as 21 horas, os adolescentes demonstraram maior engajamento em atividades online e com dispositivos móveis, enquanto os pré-adolescentes mostraram preferência por consoles de jogos.

Hysing et al. (2015)8, em estudo transversal, realizado na Noruega, envolvendo 9.846 adolescentes com idades entre 16 e 19 anos, observaram que o uso de dispositivos eletrônicos durante o dia e antecedente ao período de repouso noturno demonstrou uma correlação significativa com múltiplos aspectos do ciclo do sono, acarretando um aumento na probabilidade de períodos de sono reduzidos, uma prolongada demora para iniciar o sono e uma maior inclinação para sofrer de privação de sono. Adicionalmente, foi evidenciada associação entre a utilização de computadores pessoais e o risco de dormir menos de 5 horas, ao passo que as chances de atingir um intervalo de sono de 7 horas foram consideravelmente diminuídas.

Parent et al. (2016)70 avaliaram uma amostra comunitária em Vermont/USA de crianças (n=401) e adolescentes (13-17 anos, n = 210), observaram em todas faixas etárias a associação entre maior tempo de tela e mais distúrbios do sono, que por sua vez também se correlacionaram a mais problemas comportamentais.

Schweizer et al. (2017)71, em estudo longitudinal com 591 adolescentes suíços, observaram que aqueles que adquiriram ou ganharam um telefone celular dormiam menos horas de sono que os colegas (grupo-controle) sem celular.

Chung et al. (2018)72 avaliaram 1.796 adolescentes coreanos em relação a risco de adição ao uso de telefone celular. Observaram que as variáveis, ser do sexo feminino, consumir álcool, ter baixo desempenho acadêmico, não se sentir repousado pela manhã e dormir após meia-noite eram fatores de risco para a adição. Esse grupo também apresentava escores mais altos na avaliação de sonolência excessiva diurna.

Maurya et al. (2022)73, avaliando o sono de 16.292 adolescentes e adultos jovens indianos, observaram problemas de sono em 15.6% dos adolescentes do sexo masculino e 23.5% no sexo feminino. Adolescentes que ficavam mais de 2 horas/dia no celular tinham maior chance de apresentar distúrbios do sono em comparação aos que não haviam usado celular nas últimas 24 horas.

Yuan et al. (2023)74 avaliaram o uso problemático de celulares em 921 estudantes chineses no início da faculdade e observaram que a qualidade do sono e a flexibilidade cognitiva mediavam a associação entre o abuso de celular e dificuldade de organizar o seu tempo, fato esse que estava relacionado à motivação individual e bem-estar psicológico.

Garrett et al. (2023)75 avaliaram o sono de 59 adolescentes (15-18 anos) norte-americanos de grupos étnicos e raciais diversos, durante 14 dias através do equipamento Fitbit Inspire 2. Observaram que os adolescentes que usavam o celular durante o período de sono (para ver mensagens ou por receberem alertas) tinham maior número e duração de despertares e menor eficiência do sono.

Embora o impacto do uso de mídias sociais no sono possa ser atribuído à natureza alerta do conteúdo dessas plataformas7,76, a luz emitida por dispositivos eletrônicos também desempenha equitativamente um papel significativo na hiperexcitação e na redução da sonolência na hora de dormir30,66.

Conforme previamente inteirado neste artigo, o mecanismo regulador da sensibilidade à luminosidade ao longo do ciclo diurno, exercendo influência na inibição da produção de melatonina, exibe uma afinidade espectral congruente àquela observada na melanopsina26,29. A consequência primordial da prolongada exposição à luz azul reside na perturbação do ritmo circadiano, ocasionando, como resultado preponderante, a desordem no funcionamento do relógio biológico, levando a desajustes em diferentes âmbitos, desde a interferência nos ritmos moleculares até a discrepância nos ciclos comportamentais, como o sono e a vigília, em relação às mudanças do meio ambiente76-80 e até a supressão da produção de melatonina durante o período noturno81. Quando expostos à luminosidade noturna que estimula de maneira mais intensa a melanopsina, com igual nível de energia/fluxo de fótons/iluminação fotópica, é observada uma supressão amplificada da melatonina, por exemplo, através da luz azul mais intensa em comparação com a luz policromática tradicional, resultando em modificações na fase dos ritmos circadianos da melatonina82,83.

Outro aspecto a ser levado em consideração foi a piora observada na qualidade do sono durante a pandemia de COVID-19. Estudos de revisão e metanálise evidenciaram uma tendência de redução da eficiência do sono, atraso de fase (dormir mais tarde) associada ao aumento do uso de eletrônicos84,85.


INICIATIVAS GLOBAIS PARA MELHORIA DA RELAÇÃO USO EXCESSIVO DE MÍDIAS E SONO

A associação entre uso excessivo de mídias sociais, qualidade do sono e saúde mental já está bem estabelecida na faixa etária adolescente86. Assim como a ligação entre estilos de vida de risco (dieta alimentar pobre, inatividade física, tabagismo, uso de álcool, excesso de telas e distúrbios do sono) e doenças crônicas87. Em todas essas evidências fica claro o papel da boa qualidade do sono como fator mediador entre essas variáveis. É inegável que os celulares e as mídias digitais fazem parte da vida do adolescente, sendo a supressão de seu uso impossível. Vale então apresentar propostas de regramento de seu uso.

No Reino Unido, está em desenvolvimento o estudo “The SMART Schools”, que tem como objetivo determinar o impacto da restrição de uso de celulares durante o dia em adolescentes. Nesse estudo serão comparadas escolas que restringem o uso com as que não restringem. Serão coletados dados referentes a saúde mental, atividade física, comportamento e sono dos estudantes. Os resultados desse estudo servirão para guiar novas políticas e engajar professores e familiares neste controle88.

Estudos desenvolvendo propostas de App que auxiliem o adolescente a controlar seu estilo de vida e evitar maus hábitos (como exemplo o Health4Life) que possam levar a doenças crônicas poderiam trazer um engajamento maior a esta causa87.

Recomendações de sociedades médicas mostrando, com base científica e diferentes abordagens (aos pais, diretamente aos adolescentes e também aos Pediatras e Hebiatras) os efeitos negativos mas também os positivos do uso de celulares e mídia digital devem incluir uma melhor comunicação entre pais e adolescentes, dividir problemas (bullying ou outras ameaças) recebidos online, noções da importância da privacidade e regramento de uso (horários permitidos e não permitidos). O médico assistente também deve estar engajado e criar uma rede de apoio ao aodelscente. Discutir com a família e o adolescente durante as consultas de rotina os riscos de adição, distração, piora acadêmica e consequências neuropsicológicas. Assim como questionar sobre qualidade do sono e orientar rotinas de boa higiene do sono89.


CONCLUSÃO

Com base na análise dos dados presentes nesta revisão de literatura, é possível concluir que a relação entre o sono na fase da adolescência e o uso de dispositivos eletrônicos revela uma complexidade intrínseca, com efeitos de natureza multifacetada. Esses dispositivos têm evidenciado um impacto significativo na qualidade do sono dos adolescentes, interferindo tanto na organização do ciclo do sono quanto no ritmo circadiano. Essa interferência afeta os padrões naturais de sono, prejudicando tanto a qualidade como a quantidade do descanso indispensável nessa etapa crucial do desenvolvimento.

Tanto a prolongada exposição à luz azul, comumente emitida por telas de dispositivos eletrônicos levando à alteração do sono, como a prolongada exposição às redes sociais, com seus conteúdos nem sempre positivos, podem trazer consequências desfavoráveis em termos geral de saúde.

Este debate evidencia a necessidade premente de adotar abordagens integradas (família, escola, equipe de saúde), as quais levem em consideração a inter-relação entre os elementos biológicos, comportamentais e ambientais, com o propósito de mitigar os efeitos adversos dos dispositivos eletrônicos e promover um padrão de sono saudável durante esta fase significante da existência.


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2. PUCRS, Instituto do Cérebro - Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
3. PUCRS, Escola de Medicina - Porto Alegre - RS - Brasil

Endereço para correspondência:

Magda Lahorgue Nunes
PUCRS, Instituto do Cérebro
Av. Ipiranga, 6690, Jardim Botânico
Porto Alegre, RS, Brasil. CEP: 90610-000
E-mail: mlnunes@pucrs.b.

Data de Submissão: 16/01/2024
Data de Aprovação: 06/05/2024