Artigo Original
-
Ano 2016 -
Volume 6 -
Número
3
Compreensão da consulta em dermatologia pediátrica
The medical appointment understanding in pediatric dermatology
Comprensión de la consulta en dermatología pediátrica
Mariana Canato1; Vânia Oliveira de Carvalho2
RESUMO
OBJETIVO: Avaliar a compreensão que cuidadores e familiares têm a respeito da doença em acompanhamento, da prescrição e das orientações fornecidas pela equipe médica no serviço de Dermatologia Pediátrica do Hospital de Clínicas.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo transversal e analítico realizado através de aplicação de questionários (n = 64) aos responsáveis pelos pacientes menores de 14 anos que compareciam à primeira consulta na especialidade de Dermatologia Pediátrica. Foram analisados dados gerais do paciente, do cuidador, da compreensão da doença e da prescrição.
RESULTADOS: Dezesseis (25%) acompanhantes não entenderam a definição da dermatose e 32 (50%) não sabiam dizer o nome da doença. Apesar de 80% da amostra considerar "fácil" a explicação do profissional sobre a doença, metade dos entrevistados compreendeu a posologia e indicações da terapêutica proposta. Não houve diferença na compreensão da doença conforme o nível de escolaridade ou de renda per capita da família. "A explicação fácil do médico" foi citada por 43 (67%) participantes como fator que facilita o entendimento da consulta e 15 (23%) mencionaram que a "letra legível" é importante para compreender a prescrição. O "uso de termos técnicos" foi apontado por 22 (34%) acompanhantes como fator que prejudica o entendimento da doença e das medicações.
CONCLUSÃO: O percentual de incompreensão da doença e da prescrição foi elevado. O uso de termos técnicos foi o principal fator que dificultou o entendimento da consulta, enquanto a "explicação fácil" contribui para a compreensão da consulta. Estes dados demonstram a importância da verificação do entendimento do paciente ao término da consulta.
Palavras-chave:
avaliação, compreensão, criança, questionários, relações médico-paciente.
ABSTRACT
OBJECTIVE: To evaluate the degree of understanding of caregivers and relatives regarding patients' disease, prescriptions and orientations given by the medical staff during appointments at the dermatological section in the division of pediatrics of the Hospital de Clínicas.
MATERIALS AND METHODS: Cross-sectional study performed by surveys (n = 64) applied to the companions of patients aged under 14 years old coming to their first appointment in pediatric dermatology. The data included general information from patients, their companions and the understanding of the disease and prescription by caregivers.
RESULTS: 16 (25%) companions did not understand the definition of the diagnosed dermatosis and 32 (50%) did not know the name of the disease. 80% of caregivers considered the explanation provided by doctors easy and 50% understood the posology and therapeutic recommendations. There was no difference between the degree of understanding of companions when analyzed by education level and financial income. An easy explanation by the doctor was referred by 43 (67%) participants as a facilitator of their understanding while 15 (23%) mentioned legible handwriting as being important to understand the prescription. The use of technical terminology was cited by 22 (34%) as a complicating factor to the comprehension of the disease and medications.
CONCLUSION: There was a great percentage of incomprehension of disease and prescription. The use of technical terminology was the main complicating factor, while an easy explanation collaborated to the understanding of the disease and prescription. The data demonstrates the importance of verifying patients' understanding at the conclusion of appointments.
Keywords:
child, comprehension, evaluation, physician-patient relations, surveys and questionnaires.
RESUMEN
OBJETIVO: Evaluar la comprensión que cuidadores y familiares tienen al respecto de la enfermedad en acompañamiento, de la prescripción y de las orientaciones suministradas por el equipo médico en el servicio de Dermatología Pediátrica del Hospital de Clínicas.
MATERIALES Y MÉTODOS: Estudio transversal y analítico realizado a través de aplicación de cuestionarios (n = 64) a los responsables de los pacientes menores de 14 años que comparecían a la primera consulta en la especialidad de Dermatología Pediátrica. Fueron analizados datos generales del paciente, del cuidador, de la comprensión de la enfermedad y de la prescripción.
RESULTADOS: Dieciséis (25%) acompañantes no entendieron la definición de la dermatosis y 32 (50%) no sabían decir el nombre de la enfermedad. A pesar del 80% de la muestra considerar "fácil" la explicación del profesional sobre la enfermedad, mitad de los entrevistados comprendió la posología e indicaciones de la terapéutica propuesta. No hubo diferencia en la comprensión de la enfermedad conforme al nivel de escolaridad o de renta per cápita de la familia. "La explicación fácil del médico" se citó por 43 (67%) participantes como factor que facilita el entendimiento de la consulta y 15 (23%) mencionaron que la "letra legible" es importante para comprender la prescripción. El "uso de términos técnicos" fue indicado por 22 (34%) acompañantes como factor que perjudica el entendimiento de la enfermedad y de las medicaciones.
CONCLUSIÓN: El porcentual de incomprensión de la enfermedad y de la prescripción fue grande. El uso de términos técnicos fue el principal factor que dificultó el entendimiento de la consulta, mientras la "explicación fácil" contribuye para la comprensión de la consulta. Estos datos demuestran la importancia de la verificación del entendimiento del paciente al término de la consulta.
Palabras-clave:
comprensión, encuestas y cuestionarios, evaluación, niño, relaciones médico-paciente.
INTRODUÇÃO
Um dos objetivos da consulta médica é a resolução ou alívio do sofrimento do paciente. Para tanto, existem alguns fatores que estão diretamente relacionados ao cumprimento desse propósito e que, se ausentes, mudam completamente o desfecho da consulta ou da doença do paciente. Esses elementos baseiam-se primordialmente em três pilares: médico, paciente e relação existente entre os dois1,2.
O médico pode utilizar diversas ferramentas para contribuir com o sucesso da consulta, como lançar mão de vocabulário compatível com o nível educacional de quem ouve e utilizar analogias simples para explicar situações complexas3. Existem evidências de que muitos pacientes deixam a consulta sem ter a adequada compreensão das informações fornecidas pela equipe médica4.
O Consenso de Toronto sobre a relação médico paciente mostrou que em 58% das consultas, não se verifica o grau de entendimento que o paciente tem sobre o diagnóstico e tampouco sobre as indicações terapêuticas1,3.
Sabe-se que a compreensão da prescrição médica e da doença em acompanhamento leva à maior adesão ao tratamento proposto pela equipe. Já foi demonstrado que aproximadamente 50% das mães que não seguem as prescrições o fazem por não entender a necessidade do tratamento proposto5.
Dessa forma este estudo se propõe a avaliar o grau de compreensão que os cuidadores e familiares têm a respeito da doença em acompanhamento, da prescrição e das orientações fornecidas pela equipe médica no serviço de Dermatologia Pediátrica do Hospital de Clínicas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Estudo transversal e analítico aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas. Incluiu crianças e adolescentes menores de 14 anos que compareceram à primeira consulta no ambulatório de Dermatologia Pediátrica no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná nos períodos de 1 de março a 1 de outubro de 2015, independente do diagnóstico. A avaliação foi realizada em dois dias da semana, através de questionários aplicados aos responsáveis pelos pacientes após concordância documentada através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os questionários foram aplicados pelo mesmo pesquisador (VOC) ao término da consulta. Foram questionados dados gerais do paciente, do cuidador, da compreensão geral da doença e da prescrição conforme apresentado no Quadro 1.
A escolaridade do acompanhante foi dividida em analfabeto, ensino fundamental, médio e superior. A categorização da renda mensal da família foi realizada de acordo com o IBGE em quatro grupos segundo o salário mínimo vigente no País: até R$ 197,00 per capita, de R$ 198,00 a R$ 394,00, de R$ 395,00 a R$ 788,00 ou mais de R$ 788,00 per capita6.
Foi solicitado aos participantes que dissessem o nome do diagnóstico recebido durante a consulta e que explicassem o entendimento que tiveram sobre o significado da doença, bem como que classificassem a explicação do médico sobre a dermatose, prescrição e orientações de acordo com a escala de Likert reduzida em "fácil", "médio" ou "difícil" e que justificassem sua classificação.
Foram questionadas as orientações recebidas durante a consulta, as medicações prescritas e os efeitos adversos destas.
Os profissionais que realizaram a consulta médica foram categorizados em cinco grupos, conforme descrito na Tabela 1.
Os dados foram tabulados em planilha Excel® e analisados pelos programas JMP 10.0® e Statistica 10.0® (Statsoft® - Tulsa, OK). Foram aplicados os testes qui-quadrado de Pearson e Mann-Whitney para análise e o nível de significância foi de 5% para todos os testes.
RESULTADOS
Os questionários foram aplicados aos cuidadores de 64 crianças durante o período do estudo e 56 (87%) acompanhantes eram do sexo feminino, sendo a mediana de idade dos responsáveis de 33 anos, variando de 18 a 64 anos. Dentre os cuidadores, 52 (81%) possuíam parentesco materno com a criança, 9 (14%) eram outros familiares e em 5% das consultas ambos progenitores estavam presentes.
O nível de escolaridade de 35 (55%) acompanhantes se enquadrou como ensino médio. Vinte cuidadores (31%) pertenciam ao grupo de trabalhadores do comércio, 21 (33%) se intitularam como "do lar" (tabela 1).
Quanto à renda mensal, 26 (46%) famílias afirmaram receber entre R$ 394,00 e R$ 788,00 per capita (tabela 1).
Dezesseis (25%) acompanhantes não entenderam a definição da dermatose e 32 (50%) não sabiam dizer o nome da doença.
O quadro 2 mostra exemplos de citações ditas pelos cuidadores a respeito da compreensão do significado da dermatose e do nome da doença durante a entrevista.
Em 54 (84%) consultas foi estabelecido um diagnóstico e em 10 (16%) havia dúvida quanto à doença apresentada pelo paciente, sendo necessário realizar exames complementares ou avaliar a evolução para esclarecer a hipótese diagnóstica. Não houve diferença do nível de compreensão do significado da doença entre os casos em que o diagnóstico não foi confirmado na consulta (tabela 2).
Quando analisada a distribuição do grau de compreensão da dermatose conforme a escolaridade e a renda per capita, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos (tabela 2).
Dentre os participantes, nove (14%) crianças possuíam consulta prévia com dermatologista em outro serviço e, destes, seis sabiam citar corretamente o nome da doença e sete entenderam seu significado.
Quando questionados a respeito da facilidade ou dificuldade em entender a doença, a prescrição e as orientações gerais, 51 (80%) acompanhantes classificaram a explanação sobre a dermatose como "fácil". No entanto, 65% desses participantes compreenderam o significado da doença. Já, 95% da população estudada considerou "fácil" a explicação sobre a prescrição recebida e 98% tiveram a mesma opinião sobre as orientações gerais fornecidas pelo médico.
Das 64 crianças participantes, 60 (93%) receberam prescrição ao término da consulta e, para todos os medicamentos prescritos, houve compreensão de mais de 50% das indicações e posologias, com exceção da posologia do anti-histamínico, em que o entendimento foi de 43%.
Quando questionados a respeito das medicações prescritas, 37 (62%) acompanhantes necessitaram rever a receita para responder as questões sobre nome do medicamento, indicação e posologia e 34 (60%) cuidadores não compreenderam os efeitos adversos das medicações prescritas.
Dentre os motivos que contribuíram para compreensão da doença e da prescrição, 43 (67%) citaram a "explicação fácil do médico", 15 (23%) a "letra legível", 6 (9%) a simpatia e interesse do médico e 4 (6%) alegaram que questionar o médico sobre dúvidas que porventura existam também foi importante.
Já, os fatores citados por dificultarem a compreensão da consulta foram: uso de termos técnicos em 22 (34%) casos, falta de atenção da mãe em 7 (11%), fatores externos como compromisso do acompanhante ou criança chorando em 5 (8%). Ainda foram citados como motivos que diminuem a compreensão a quantidade de detalhes sobre prescrição e não receber informações escritas (6%).
Quando questionados sobre dificuldades enfrentadas para compreensão em consultas realizadas em outros locais, foram citadas: consulta realizada em curto período de tempo em 9 (14%) casos e médico que não examina o paciente ou age de forma ríspida em 5 (8%).No quadro 2 estão exemplos de frases ditas pelos cuidadores sobre fatores que facilitaram ou dificultaram a compreensão da doença.
De todas as consultas, 17 (27%) foram realizadas por especializando do segundo ano e 16 (25%) por especializando do primeiro ano de Dermatologia Pediátrica, 13 (20%) por residente do segundo ano e 12(19%) por residente do primeiro ano de Pediatria e 3 (5%) consultas por acadêmicos de medicina do sexto ano.
DISCUSSÃO
Existem poucos estudos sobre a compreensão da consulta médica na literatura, tornando difícil a comparação dos dados observados neste estudo. Grande parte das publicações nesse âmbito está voltada ao relacionamento médico-paciente e à influência direta dessa relação na aderência ao tratamento proposto1,2.
Embora se saiba que a compreensão que os pacientes têm sobre sua doença e sobre as recomendações orientadas durante a consulta é fundamental, poucos são os profissionais que buscam quantificar o entendimento dos doentes4.
Neste estudo, o significado da doença não foi compreendido por 25% dos cuidadores avaliados. Resultado semelhante ao encontrado por Waisman et al.7, quando analisou o entendimento de 482 pais a respeito do diagnóstico que seus filhos receberam no departamento de emergência em Israel, totalizando completo entendimento em 75% dos casos.
Metade dos participantes desta amostra sabia repetir o nome da dermatose apresentada durante a consulta, porém, alguns termos diagnósticos são mais complexos e desconhecidos - por exemplo, "prurigo estrófulo" possui maior complexidade verbal que "dermatite de contato".
Não saber repetir o nome da doença pode não representar problema desde que o significado principal seja compreendido. No entanto, uma atitude simples poderia minimizar este problema, como foi sugerido por alguns entrevistados: "escrever o nome da doença."
Em 10 (16%) consultas havia dúvida diagnóstica e, nesse grupo, a compreensão das informações apresentadas comparada ao grupo em que o diagnóstico era confirmado não foi estatisticamente diferente. Uma hipótese para esse achado é de que, talvez, para os pacientes cujo diagnóstico era incerto, as informações eram explicadas de forma mais detalhada.
Neste estudo, não foi encontrada correspondência entre maior escolaridade ou nível socioeconômico e melhor compreensão das informações dadas pelos médicos na consulta. Esse dado talvez seja explicado por não haver ampla variação de renda na amostra. Na avaliação de Sano et al.5, também não foi evidenciada correlação positiva entre escolaridade e renda e grau de entendimento, e 78% dos pacientes com renda mensal entre 2 e 5 salários mínimos e 68% dos que não possuíam primeiro grau completo entenderam a prescrição pediátrica.
Alkatheri & Albekairy8 estudaram a relação entre a escolaridade de 90 pacientes em um centro terciário da Arábia Saudita e a compreensão das medicações por eles utilizadas. Apenas 31% dos pacientes sabiam relatar os possíveis efeitos adversos das medicações em uso. Para esses pesquisadores, essa foi a tarefa de maior dificuldade. No presente estudo, igualmente encontramos baixa compreensão dos efeitos adversos das medicações prescritas.
Apesar de 96% da presente amostra classificar a explicação sobre os medicamentos prescritos como "fácil", cerca de 50% realmente entendeu a posologia e a indicação do tratamento. Esse dado atenta para o fato de que, talvez, a forma como o paciente é questionado a respeito da compreensão seja inapropriada e nos dê a falsa impressão de que o que falamos foi absorvido se o paciente relata ter entendido as orientações4.
A "explicação fácil" foi citada como a tática que permite maior grau de compreensão, dado também encontrado na literatura3,9. A letra legível contribuiu para a compreensão da prescrição neste estudo. Exemplo notório dessa importância foi citado por uma entrevistada: "Uma vez consultei com médico com letra ruim que nem o farmacêutico entendeu e aí não consegui usar a medicação". Pesquisas mostram que mais da metade dos pacientes não compreendem a letra e as abreviaturas presentes na prescrição5,10.
Apesar de haver poucos dados na literatura que apontem para características pessoais do médico como fator que auxilie ou prejudique a compreensão da consulta, alguns participantes deste estudo citaram que quando o profissional é "simpático" e "atencioso" é exercido efeito de tranquilidade que pode contribuir para a compreensão da consulta. Por outro lado, o interesse que o médico demonstra na queixa do paciente já foi descrito como primordial para a boa relação na consulta e, portanto, para a melhor compreensão e adesão do tratamento1.
Os participantes relataram que informações escritas funcionam melhor do que verbais e alguns estudos coadunam essa afirmativa9,11,12. Porém Waisman et al.7 evidenciam que apesar de informações escritas auxiliarem no entendimento do tratamento proposto, não interfere na compreensão da doença existente.
Os entrevistados neste estudo apontaram o "uso de termos técnicos" como a causa que mais dificulta o entendimento da consulta e alguns trabalhos na literatura comprovam que a diferença de linguagem entre médicos e seus pacientes está ligada à menor compreensão das palavras médicas7,13. Os pacientes têm pouco conhecimento a respeito dos termos técnicos e, por isso, a explicação com linguagem acessível é o fator mais importante para auxiliar a compreensão da consulta13.
A existência de "fatores externos" - criança chorando, preocupação com horário ou com a gravidade da doença - também foi considerada motivo para diminuição da compreensão, e é descrito na literatura que a capacidade de retenção das informações fornecidas durante a consulta é menor quanto maior a ansiedade que o paciente apresenta3,4,9.
O Consenso de Toronto sobre a relação médico paciente evidenciou que os pacientes são interrompidos pelos médicos após 15 segundos de explicação sobre o problema3, e, neste estudo, a consulta realizada de forma rápida foi citada como motivo limitante para compreensão.
Dentre as limitações existentes do presente estudo, podemos citar a amostra pequena e pertencente à mesma situação socioeconômica, bem como grau de escolaridade homogêneo, o que dificultou avaliar as variações entre os grupos. Ainda assim, este trabalho permite demonstrar que uma parcela importante de acompanhantes não compreende o significado da doença e que metade não consegue repetir o nome da dermatose.
Mostra-se, também, a importância de se comunicar de forma simples e com linguagem acessível ao paciente, além de repetir as informações de muitas formas a fim de obter maior grau de compreensão. E ainda a amostra advinda de encaminhamentos via Unidade Básica de Saúde, talvez tenha aumentado a porcentagem de compreensão da doença, já que ao pacientes possuíam previamente ao menos uma consulta médica sobre a queixa apresentada.
Torna-se nítida também a necessidade de mais estudos direcionados à análise da compreensão que o paciente ou seus responsáveis tem sobre a consulta, uma vez que é inegável a importância do conhecimento sobre a própria doença11,12.
CONCLUSÃO
Neste estudo, não houve compreensão do diagnóstico em 25% dos casos e 50% não sabia dizer o nome da doença. Não obstante a explicação sobre as medicações prescritas tenha sido considerada "fácil" por quase a totalidade da amostra, pouco mais da metade compreendeu a posologia e indicações da terapêutica proposta.
O uso de termos técnicos foi o fator apontado como principal responsável pelo baixo entendimento do diagnóstico e a letra legível se mostrou fator importante para o entendimento da prescrição.
É de suma importância que o médico verifique a compreensão do paciente ou de seus responsáveis ao final da consulta, para que se assegure a direção correta do tratamento necessário.
AGRADECIMENTOS
A Tony Tannous Tahan e Rosana Marques Pereira pelas válidas sugestões para aprimoramento deste artigo e à Monica Nunes Lima Cat pela colaboração na análise estatística.
REFERÊNCIAS
1. Caprara A, Rodrigues J. A relação assimétrica médico-paciente: repensando o vínculo terapêutico. Ciênc Saude Coletiva. 2004;9(1):139-46. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232004000100014
2. Sanchez CG, Pierin AMG, Mion Jr. D. Comparação dos perfis dos pacientes hipertensos atendidos em Pronto-Socorro e em tratamento ambulatorial. Rev Esc Enferm USP. 2004;38(1):90-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342004000100011
3. Simpson M, Buckman R, Stewart M, Maguire P, Lipkin M, Novack D, et al. Doctor-patient communication: the Toronto consensus statement. BMJ. 1991;303(6814):1385-7. PMID: 1760608 DOI: http://dx.doi.org/10.1136/bmj.303.6814.1385
4. Kemp EC, Floyd MR, McCord-Duncan E, Lang F. Patients prefer the method of "tell back-collaborative inquiry" to assess understanding of medical information. J Am Board Fam Med. 2008;21(1):24-30. DOI: http://dx.doi.org/10.3122/jabfm.2008.01.070093
5. Sano PY, Masotti RR, Santos AAC, Cordeiro JA. Avaliação do nível de compreensão da prescrição pediátrica. J Pediatr (Rio J). 2002;78(2):140-5.
6. Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Uma análise das condições de vida da população brasileira 2013 [Internet]. [Citado 29 Out 2015]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2013/default_tab_xls.shtm
7. Waisman Y, Siegal N, Chemo M, Siegal G, Amir L, Blachar Y, et al. Do parents understand emergency department discharge instructions? A survey analysis. Isr Med Assoc J. 2003;5(8):567-70.
8. Alkatheri AM, Albekairy AM. Does the patients' educational level and previous counseling affect their medication knowledge? Ann Thorac Med. 2013;8(2):105-8.
9. Kessels RP. Patients' memory for medical information. J R Soc Med. 2003;96(5):219-22. PMID: 12724430 DOI: http://dx.doi.org/10.1258/jrsm.96.5.219
10. Pereira BK, Munhoz STMB, Wiese LPDL, Buzzi V. Avaliação do Entendimento da Prescrição Médica pelos Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) da Regional de Saúde - Costa e Silva em Joinville - SC em 2009. Vita Sanitas. 2013;7:19-34.
11. Lin J, Sklar GE, Min Sen Oh V, Li SC. Factors affecting therapeutic compliance: A review from the patient's perspective. Ther Clin Risk Manag. 2008;4(1):269-86.
12. Dawood OT, Izham M, Ibrahim M, Palaian S. Medication compliance among children. World J Pediatr. 2010;6(3):200-2. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/s12519-010-0218-8
13. Segall A, Roberts LW. A comparative analysis of physician estimates and levels of medical knowledge among patients. Sociol Health Illn. 1980;2(3):317-34. DOI: http://dx.doi.org/10.1111/1467-9566.ep11340704
1. Médica residente do 2º ano de Pediatria no Hospital de Clínicas do Paraná, Curitiba, PR, Brasil
2. Professora Adjunta do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil
Endereço para correspondência:
Mariana Canato
Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná
Rua General Carneiro, nº 181
Curitiba, PR, Brasil. CEP: 80060-900
E-mail: marianacanato@hotmail.com