RESUMO
INTRODUÇÃO: Os benefícios do corticoide antenatal (CA) para o prematuro são bem estabelecidos. Sua ação em múltiplos tecidos promove a maturidade de estruturas fetais, tendo grande impacto na diminuição da morbimortalidade neonatal.
OBJETIVO: Avaliar os efeitos do uso do CA nos recém-nascidos prematuros de muito baixo peso (RNPTMBP).
MÉTODOS: Foram utilizados os dados enviados pela Unidade à Rede Gaúcha de Neonatologia dos RNPTMBP nascidos entre 01/01/2008 e 31/12/2014 no Hospital Fêmina, em Porto Alegre. Analisou-se a exposição ao CA (1 ou 2 doses de 12 mg de betametasona intramuscular) e sua relação com a mortalidade e seguintes comorbidades: doença da membrana hialina (DMH), hemorragia intraventricular (HIC), leucomalácia periventricular (LPV), retinopatia da prematuridade (ROP), enterocolite necrosante (ECN), persistência do canal arterial (PCA) e displasia broncopulmonar (DBP).
RESULTADOS: Obteve-se um total de 496 pacientes, dos quais 68% receberam pelo menos uma dose de CA e 32% não receberam nenhuma. Observou-se significativa redução na incidência de DMH (OR 0,468, p = 0,001), favorável aos pacientes que receberam CA. Notou-se uma redução em 60% de HIC (OR 0,401, p < 0,001). Também foi observada redução na incidência de DBP com o uso de CA (OR 0,269-0,903, p = 0,018). Nã foi observada diferença estatística na incidência de LPV (p = 0,3), PCA (p = 0,68), ECN (p = 0,44) ou ROP (p = 0,58). A redução na incidência de óbitos foi de 78% (OR 0,22, p < 0,001).
CONCLUSÃO: A exposição ao CA, independente do número de doses, confere menor morbidade e menor mortalidade aos RNPTMBP.
Palavras-chave: Doenças do Prematuro, Prematuro, Glucocorticoides, Recém-Nascido de muito Baixo Peso.