Ponto de Vista
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Ano 2022 -
Volume 12 -
Número
1
Revisão sistemática - conceito e definição
Systematic review - concept and definition
Cristiane Cremiude Ribeiro-Fernandes
RESUMO
Revisões sistemáticas são compostas por compilados de dados de diferentes estudos clínicos sumarizando os principais dados localizados em literatura sobre um determinado tema. O objetivo do presente trabalho foi o de definir e explanar sobre seus principais aspectos. Conclui-se que as revisões sistemáticas possuem grande impacto nas decisões de profissionais de saúde e devem ser consideradas, desde que, tenham sido conduzidas de forma adequada e seguindo um protocolo.
Palavras-chave:
Revisão Sistemática, Estudo Clínico, Medicina Baseada em Evidências.
ABSTRACT
Systematic reviews are composed of compiled data from different clinical studies summarizing the main data found in the literature on as specific topic. The objective of the present work was to define and explain the main aspects. It was concluded that systematic reviews have a great impact on the decisions of health professionals and should be considered, if they have been conducted properly and following a protocol.
Keywords:
Systematic Review, Clinical Study, Evidence-Based Medicine.
INTRODUÇÃO
Revisões sistemáticas (RS) são investigações científicas secundárias, com metodologia definida por um protocolo que sintetiza os resultados de estudos primários utilizando estratégias que diminuam a ocorrência de erros aleatórios e sistemáticos1,2. Assim, é possível ter acesso, de forma abrangente e confiável, a resultados de inúmeros trabalhos já publicados sobre um determinado tema.
OBJETIVOS
O objetivo do presente trabalho foi o de definir e explanar sobre os principais aspectos de uma revisão sistemática.
Conceito e definição
Historicamente, uma das primeiras revisões sistemáticas foi elaborada por Sir James Lind - um médico escocês - e foi publicada em formato de livro em 1753 abordando aspectos relacionados ao escorbuto3. Embora não contivesse as informações que hoje temos em uma RS, o objetivo do trabalho era o mesmo das revisões sistemáticas da atualidade: avaliar criticamente tudo o que já havia sido publicado sobre o tema e excluir trabalhos menos relevantes ou com alto nível de viés.
Revisões sistemáticas consistem em uma das técnicas mais robustas para avaliação e síntese da literatura em diversos campos do conhecimento4. De acordo com o Oxford Centre for Evidence-Based Medicine, revisões sistemáticas de estudos clínicos randomizados e controlados são consideradas o melhor nível de evidência científica (A1) quando terapias são avaliadas5. Isso se deve ao fato de que, estudos randomizados e controlados são considerados com excelente nível de evidência e a RS é um compilado de dados obtidos de diversos desses trabalhos sobre o mesmo tema.
Complementarmente, as revisões sistemáticas não são avaliações apenas de tratamento, também podem abranger avaliação de outros parâmetros como prognósticos, diagnóstico, prevenção entre outros1,5.
Muito tem sido discutido sobre a qualidade das revisões sistemáticas, uma vez que esses trabalhos podem apresentar um alto nível de viés nos estudos selecionados, estudos com pouca ou nenhuma homogeneidade, conflito de interesse, busca incompleta de dados de literatura e metodologia não validada. Desta forma, a fim de padronizar as informações, para a condução de um trabalho dessa natureza é utilizada a ferramenta PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analysis) para revisões sistemáticas de estudos clínicos randomizados e controlados, ou a ferramenta STROBE (Strengthening the Reporting of Observacional studies in Epidemiology) ou MOOSE (Meta-Analysis Of Observational Studies in Epidemiology) para revisões sistemáticas de estudos clínicos observacionais. Essas ferramentas são compostas por checklists e são diretrizes que têm como objetivo ajudar autores a melhorarem a qualidade do relato dos dados da RS2,6,7.
Atualmente The Cochrane Database of Systematic Reviews é o principal periódico e banco de dados de revisões sistemáticas em saúde. A primeira edição foi publicada em abril de 1995 e sua publicação mensal segue até os dias de hoje8.
As revisões sistemáticas podem ou não apresentar metanálise, uma análise estatística, apresentada geralmente através de gráficos, que sumariza as mensurações de dados obtidos em dois ou mais estudos independentes, gerando uma única medida de associação2. As principais vantagens de apresentação de metanálises em revisões sistemáticas são os fatores visuais e numéricos, facilitando a compreensão e possibilitando quantificar alguns parâmetros. Comumente esse tipo de análise só é possível quando os estudos que compõem a RS são homogêneos, apresentando o mesmo tipo de dado nos resultados. É bastante usual o trabalho de revisão sistemática com metanálise ser intitulado apenas como metanálise.
CONCLUSÃO
Como as revisões sistemáticas, com ou sem metanálise, fornecem dados obtidos de uma série de estudos clínicos, e não apenas de uma única publicação, sumarizando os principais dados localizados em literatura sobre um determinado tema, possuem grande impacto nas decisões de profissionais de saúde e devem ser consideradas, desde que, tenham sido conduzidas de forma adequada e seguindo um protocolo.
REFERÊNCIAS
1. Berwanger O, Suzumura EA, Buehler AM, Oliveira JB. Como avaliar criticamente revisões sistemáticas e metanálises?. Rev Bras Ter Intensiva. 2007 Dez;19(4):475-80.
2. Ministério da Saúde (BR). Diretrizes metodológicas: elaboração de revisão sistemática e metanálise de estudos observacionais comparativos sobre fatores de risco e prognóstico. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
3. Milne I. Who was James Lind, and what exactly did he achieve. J R Soc Med. 2012 Dez;105(12):503-8.
4. Zoltowski APC, Costa AB, Teixeira MAP, Koller SH. Qualidade metodológica das revisões sistemáticas em periódicos de psicologia brasileiros. Psicol Teor Pesq. 2014;30(1):97-104.
5. Oxford Centre for Evidence-Based Medicine (OCEBM). Levels of evidence [Internet]. Oxford: OCEBM; 2011; [acesso em 2020 Mai 15]. Disponível em: https://www.cebm.net/wp-content/uploads/2014/06/CEBM-Levels-of-Evidence-2.1.pdf
6. Galvão TF, Pansani TSA, Harrad D. Principais itens para relatar revisões sistemáticas e meta-análises: a recomendação PRISMA. Epidemiol Serv Saúde. 2015 Jun;24(2):335-42.
7. Ministério da Saúde (BR). Diretrizes metodológicas: elaboração de revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.
8. Cochrane Database of Systematic Reviews (CDSR). Aboute [Internet]. Hoboken: John Wiley & Sons, Inc.; 2022; [acesso em 2020 Mai 15]. Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/about-cdsr
Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa, Pós graduação - Especialização em Medicina Farmacêutica - São Paulo - SP - Brasil
Endereço para correspondência:
Cristiane Cremiude Ribeiro-Fernandes
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CEP: 01308-060
E-mail: rccristiane1@gmail.com
Data de Submissão: 18/05/2020
Data de Aprovação: 02/06/2020