RESUMO
INTRODUÇÃO: O impacto da COVID-19 na população pediátrica brasileira pode estar subestimado pela subnotificação. O presente estudo objetiva comparar a incidência de hospitalizações e óbitos por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e etiologias na faixa pediátrica até a semana 25, em 2019 e 2020.
MÉTODOS: Estudo epidemiológico realizado por consulta ao InfoGripe. Foram consultados dados referentes às semanas epidemiológicas 1 a 25, dos anos de 2019 e 2020. Os dados foram analisados por meio do programa SPSS 26.0.
RESULTADOS: Comparando os anos de 2019 e 2020, observa-se redução da taxa de incidência (por 100.000) de hospitalizações por SRAG na faixa etária de 0-4 anos de 4,023 para 2,980 (p = 0,05), e aumento nas outras faixas etárias, nos escolares a incidência passou de 0,353 para 0,618 (p = 0,009) e entre os adolescentes de 0,115 para 0,393 (p = 0,002). Houve aumento dos óbitos de 0,013 para 0,017 (p = 0,05) entre 5-9 anos, e de 0,009 para 0,029 (p = 0,001) entre 10 e 19 anos. Em relação à SRAG por “etiologia desconhecida”, a incidência de hospitalizações aumentou 0,294 para 1,454 (p = 0,007) e os óbitos de 0,03 para 0,28 (p = 0,004).
CONCLUSÃO: A incidência de hospitalizações e óbitos por SRAG em 2020 nas faixas etárias entre 5-9 e 10-19 anos foi superior à de 2019. O aumento de 3,4 vezes no número de casos e de 9,3 vezes nos óbitos por SARG sem etiologia definida em 2020 pode sugerir importante subnotificação da COVID-19 no Brasil. Faz-se necessário que novos estudos avaliem a extensão e impacto do SARS-CoV-2 na população pediátrica.
Palavras-chave: Infecções por Coronavírus, Pediatria, Síndrome Respiratória Aguda Grave.