RESUMO
INTRODUÇÃO: Crianças têm menor probabilidade de COVID-19 aguda grave, porém têm sido descritos casos da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) com possível associação temporal à infecção prévia pelo SARS-CoV-2.
OBJETIVOS: Revisão não sistemática da literatura sobre epidemiologia, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da SIM-P.
FONTE DE DADOS: Base de dados PubMed, documentos científicos da Sociedade Brasileira de Pediatria, Organização Mundial de Saúde, Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e Royal College of Pediatrics and Child Health.
SÍNTESE DOS DADOS: A SIM-P compartilha características com a doença de Kawasaki, síndrome do choque tóxico, sepse bacteriana e síndrome de tempestade de citocinas. É mais frequente nos afrodescendentes e hispânicos, escolares e adolescentes e no sexo masculino. Ocorre 2-4 semanas após infecção pelo SARS-CoV-2. A fisiopatologia envolve efeitos diretos do vírus e/ou desregulação imune pós-COVID-19. A apresentação clínica é heterogênea, sendo a febre muito frequente, seguida por alterações gastrointestinais, cardiovasculares, respiratórias, neurológicas e renais. Anamnese e exame físico minuciosos, além de exames complementares para avaliar o processo inflamatório, o acometimento de órgãos e a relação com a infecção pelo SARS-CoV-2 (RT-PCR e sorologia), são fundamentais. Critérios diagnósticos propostos pelo CDC e OMS apoiam a propedêutica. O tratamento deve ser coordenado por time de especialistas, e direcionado às manifestações inflamatórias e orgânicas.
CONCLUSÕES: A SIM-P se caracteriza por um amplo espectro clínico. Cursa com febre, manifestações gastrointestinais, neurológicas, choque e disfunção miocárdica. Requer alto grau de suspeição para o tratamento precoce e prevenção de potenciais complicações cardiovasculares, respiratórias, renais e neurológicas.
Palavras-chave: Inflamação, Síndrome de Linfonodos Mucocutâneos, Choque, Choque Cardiogênico, Infecções por Coronavírus.