RESUMO
OBJETIVO: Rever a literatura científica sobre as encefalites ou encefalopatias autoimunes, uma forma específica de autoimunidade contra o sistema nervoso central particularmente relevante em Pediatria, uma vez que entra no diagnóstico diferencial da encefalite viral aguda.
MÉTODOS: Revisão sobre a epidemiologia, o quadro clínico e a conduta diagnóstica e terapêutica das encefalites autoimunes baseada em artigos publicados nos últimos cinco anos selecionados por meio das palavras-chave “autoimmune”, “encephalitis”, “encephalopathy” nos bancos de dados PubMed e CAPES, além de consultas a edições recentes de livros relevantes.
RESULTADOS: Pacientes de todas as faixas etárias podem ser afetados, com relatos de casos a partir de oito meses de idade, mas há predileção por crianças e adultos jovens. A encefalite anti-rreceptor N-metil-D-aspartato (NMDA) é o tipo mais comum na infância, acometendo mais o sexo feminino, e está associada a um tumor subjacente em 40% dos casos. As manifestações clínicas iniciais mais frequentes em menores de 12 anos são distúrbio do movimento, crises epilépticas e alterações do comportamento. O tratamento imunomodulador consiste na administração inicial de metilprednisolona e imunoglobulina intravenosa, podendo-se acrescentar a plasmaférese. O rituximabe ou a ciclofosfamida também podem ser usados nos casos refratários.
CONCLUSÕES: O advento das encefalites autoimunes mudou a conduta diagnóstica e terapêutica para muitas síndromes neurológicas e psiquiátricas. A identificação precoce seguida de tratamento diligente permite maximizar as chances de recuperação total do paciente.
Palavras-chave:
encefalite, autoimunidade, metilprednisolona, imunoglobulinas intravenosas, plasmaferese.
ABSTRACT
OBJECTIVE: To review the scientific literature on autoimmune encephalitides or encephalopathies, a specific form of autoimmunity against the central nervous system that is particularly prominent in pediatrics because it is involved in the differential diagnosis of acute viral encephalitis.
METHODS: We reviewed the epidemiology, clinical picture, and diagnostic and therapeutic management of autoimmune encephalitides on the basis of published papers over the past 5 years, which were selected using the keywords “autoimmune,” “encephalitis,” and “encephalopathy” in the PubMed and CAPES databases, in addition to reviewing recent editions of relevant books.
RESULTS: Patients of all age groups can be affected, and some case reports involved patients as young as 8 months. However, there is a predilection for children and young adults. Encephalitis due to antibodies against the N-methyl-D-aspartate receptor is the most prevalent type during childhood, affecting girls more often than boys, and is associated with underlying tumors in 40% of cases. The most common clinical features at onset in children younger than 12 years are movement disorder, seizures, and behavioral changes. Immunomodulatory therapy involves the administration of methylprednisolone and intravenous immunoglobulin, and plasmapheresis may also be administered. Either rituximab or cyclophosphamide is administered in refractory cases.
CONCLUSIONS: The discovery of autoimmune encephalitides has changed our diagnostic and therapeutic approach to many neurological and psychiatric disorders. Early detection followed by timely therapy allows us to maximally increase the patient’s chances of total recovery.
Keywords:
encephalitis, autoimmunity, methylprednisolone, immunoglobulins, intravenous, plasmapheresis