Resenha - Ano 2020 - Volume 10 - Número 3
Carcinoma adrenal em crianças: estudo longitudinal em Minas Gerais, Brasil
Adrenal carcinoma in children: longitudinal study in Minas Gerais, Brazil
O estudo retrospectivo consistiu na revisão de prontuários médicos de 13 pacientes menores de 18 anos, acompanhados entre 2004 e 2015. Por ser uma doença rara, que representa apenas 0,2% dos tumores malignos em crianças e adolescentes, o estudo contou com um número pequeno de pacientes. Todavia, seus resultados evidenciaram dados muito parecidos com os de estudos multicêntricos previamente realizados.
Foram analisados diversos dados, dentre eles, tempo entre o início dos sintomas e a primeira consulta médica, tempo de espera até a primeira consulta com o especialista, número de consultas até o diagnóstico, tempo decorrido até o tratamento (ressecção completa do tumor), dados demográficos, clínicos e laboratoriais, exames de imagem realizados, resultados anatomopatológicos, estadiamento dos tumores, resultados de imuno-histoquímica, e realização ou não de quimioterapia.
Segundo o artigo, quando do diagnóstico, todos os pacientes apresentavam puberdade precoce. O hirsutismo e a virilização figuraram como os principais sintomas que levaram os pacientes a buscar atendimento médico.
Os autores comentam que a mutação genética TP53R337H, identificada por meio de imuno-histoquímica, encontrada em 90% da população nas regiões Sul e Sudeste, eleva a incidência deste tipo de neoplasia em 10 a 15 vezes quando comparada com a incidência mundial.
No estudo foi observado que pacientes maiores de quatro anos apresentam doença em estágio mais avançado e podem apresentar metástases, o que justifica o pior prognóstico na faixa etária. Uma maior taxa de cura ocorreu quando da ressecção total do carcinoma adrenal, por meio de laparatomiza e sem ruptura da cápsula do tumor. Pacientes que apresentam doença em estágio mais avançado podem se beneficiar do emprego de quimioterapia, mas ainda faltam dados suficientes sobre o emprego da mesma no tratamento de carcinomas adrenais em crianças.
Tomando por base os critérios já utilizados para o estadiamento dos carcinomas adrenais, o artigo aponta a necessidade de readequação dos mesmos para inclusão de critérios de pior prognóstico como a idade superior a quatro anos, assim como uma maior ênfase em critérios como a invasão de tecidos adjacentes e presença de metástases.
Por fim, o artigo ressalta a importância do pediatra no reconhecimento dos sinais de alarme e no diagnóstico de neoplasias pediátricas para o rápido encaminhamento ao especialista. Destarte, fica evidente a importância da leitura deste artigo a respeito de casuística nacional, não só para a formação dos residentes de pediatria, mas também para a atualização dos pediatras que buscam uma educação continuada.
REFERÊNCIAS
1. Monteiro NML, Rodrigues KES, Vidigal PVT, Oliveira BM. Adrenal carcinoma in children: longitudinal study in Minas Gerais, Brazil. Rev Paul Pediatr. 2019 Jan;37(1):20-6. DOI: https://doi.org/10.1590/1984-0462/;2019;37;1;00002
1. Título de Especialista em Pediatria conferido por PRM em Pediatria no Hospital Municipal Jesus, concluído em 2020; residente R3 do PRM em Endocrinologia Pediátrica do HUPE-UERJ início março de 2020, término previsto para fevereiro de 2022
2. Professora adjunta do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ, coordenadora do Setor de Endocrinologia Pediátrica da Unidade Docente Assistencial de Endocrinologia do HUPE-UERJ. Supervisora do Programa de Residência Médica em Endocrinologia Pediátrica do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Endereço para correspondência:
Isabel Rey Madeira
Hospital Universitário Pedro Ernesto
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Boulevard 28 de setembro, nº 77, Vila Isabel
Rio de Janeiro - RJ. Brasil. CEP: 20.551-030
E-mail: isabelreymadeira@gmail.com
Data de Submissão: 10/04/2020
Data de Aprovação: 14/04/2020