ISSN-Online: 2236-6814

https://doi.org/10.25060/residpediatr

VOLUME14 - NÚMERO 2 Abr/ Jul - 2024

Edição completa

Editorial
Artigo de Revisao

2 - Propostas para redução do burnout na Residência Médica: uma revisão narrativa da literatura

Proposals for reducing burnout in Medical Residency: a narrative literature review

Mara Morelo Rocha Felix; Érica Azevedo de Oliveira Costa Jordão; Elisa Barroso de Aguiar; Mônica Vicente Rente; Ekaterini Simões Goudouris; Edson Detregiachi

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-10 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1029

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OBJETIVOS: A síndrome de burnout pode ser definida como a resposta a longo prazo aos estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho, sendo composta por: exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização profissional. A prevalência dessa síndrome entre os médicos residentes é alta. Algumas intervenções para sua prevenção já foram realizadas nessa população, tanto organizacionais quanto individuais. O objetivo deste artigo foi realizar uma revisão da literatura para descrever propostas de intervenção (mindfulness/autocompaixão) na redução da síndrome de burnout dos médicos residentes. MÉTODOS: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura, explorando estudos que avaliaram essas intervenções para redução da síndrome nos médicos residentes, através de uma busca nas bases MEDLINE e LILACS, utilizando as seguintes palavras-chave: "burnout AND resident OR residency", desde 2010 até os dias atuais. Foram utilizados artigos de língua inglesa ou portuguesa. RESULTADOS: Foram selecionados 104 artigos, sendo excluídos 45 com títulos repetidos e dois de língua holandesa. Dos 57 artigos restantes, 10 foram incluídos (39 excluídos por se tratar de editoriais, cartas ao editor e resumos; 8 por não serem sobre residentes ou de intervenção). Houve demonstração da eficácia das estratégias implementadas (mindfulness, meditação), com melhoria dos escores de alguns aspectos da síndrome, porém não foram observados resultados consistentes de sua redução global. A adesão dos residentes aos programas foi voluntária e variou bastante. CONCLUSÃO: As estratégias de intervenção para a redução da síndrome de burnout dos médicos residentes foram benéficas. Entretanto, novos estudos, inclusive com dados brasileiros, são necessários para melhor esclarecimento da eficácia desses métodos.

3 - Intubação de sequência rápida em emergências pediátricas: uma revisão integrativa

Rapid sequence intubation in pediatric emergencies: an integrative review

Matheus Pinho Esmeraldo; Cinara Carneiro Neves

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-6 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1024

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OBJETIVOS: Identificar informações atualizadas que contribuam para aumentar o êxito da intubação de sequência rápida (ISR) em emergências pediátricas. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura que utilizou as palavras-chave “intubação de sequência rápida”, “intubação orotraqueal” e “emergência pediátrica” nas bases de dados Scielo, PubMed e Biblioteca Virtual de Saúde, utilizando, depois da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, a análise de conteúdo para discussão. RESULTADOS: Foram encontrados 9 artigos que posteriormente foram discutidos. CONCLUSÕES: Muitos profissionais de saúde não indicam de forma correta as medicações durante e após a ISR em emergências pediátricas, e intervenções educativas visando a corrigir essa falha tem benefício. Um perfil epidemiológico preciso da ISR em emergências pediátricas ainda não pode ser estabelecido. A melhor forma de coleta de dados em estudos envolvendo ISR é por meio de registro por vídeo. Intervenções direcionadas a reduzir o tempo gasto durante a inserção do tubo orotraqueal podem reduzir mais efetivamente o tempo total de apneia durante a ISR. O uso da oxigenação apneica e da análise da fração expirada de oxigênio (FeO2) podem ter algum benefício na ISR.

4 - Associação entre exposição a telas na infância e obesidade pediátrica: uma revisão de literatura

Association between childhood screen exposure and pediatric obesity: a literature review

Liliane Coelho Vieira; Edgar Adolfo Freitas Costa

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-6 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1052

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INTRODUÇÃO: Grande parte das crianças são expostas a telas e mídias digitais de modo precoce e por um tempo maior que o recomendado pelas sociedades científicas. Esse fenômeno traz várias consequências danosas para a saúde e para o desenvolvimento infantil. A obesidade pediátrica tem se destacado como um desses efeitos, podendo relacionar-se à exposição a telas enquanto comportamento sedentário. OBJETIVOS: Buscar e descrever as evidências presentes na literatura sobre a relação entre obesidade pediátrica e exposição a telas na infância. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão não sistemática da literatura incluindo artigos publicados no período entre 2018 e 2022 nas seguintes bases de dados: Cochrane, PubMed, SciELO e LILACS. Foram utilizados os termos “tempo de tela” e “obesidade pediátrica” como descritores. RESULTADOS: Foram encontradas associações entre o tempo de exposição a telas e o aumento da circunferência abdominal, do índice de massa corporal (IMC) e do estágio de obesidade infantil. Além disso, o uso de telas mediou a relação positiva entre obesidade e condição social do bairro de moradia das crianças, bem como a relação entre obesidade e asma. Conclusão: A maioria dos estudos avaliados demonstrou uma associação positiva entre o uso de telas por crianças e a ocorrência de obesidade na pediatria.
Artigo Original

5 - Conhecimento dos médicos residentes de Pediatria quanto aos conceitos e ensino dos cuidados paliativos durante a pós-graduação

Knowledge of pediatric residents about concepts and teaching of palliative care during postgraduate studies

Haroldo Teófilo de Carvalho; Ana Lia Lopes Massola; José Roberto Fioretto; Rossano Cesar Bonatto; Joelma Gonçalves Martin; Fábio Joly Campos

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-7 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1081

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INTRODUÇÃO: Os cuidados paliativos consistem na assistência multidisciplinar capaz de melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves, ameaçadoras, integrando aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais ao tratamento chamado “convencional”, aliviando a dor e o sofrimento em todas a suas faces. Objetivo: Avaliar o conhecimento de médicos residentes de pediatria quanto aos conceitos e ensino dos cuidados paliativos durante a pós-graduação. MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo e fenomenológico. Resultados: Participaram 12 residentes do último ano do programa de Residência Médica, que, ao manifestarem suas concepções sobre a temática, apresentaram peculiaridades de um cuidado que vem sendo aperfeiçoado ao longo do tempo, quebrando paradigmas, como a busca pela cura e manutenção da vida a qualquer preço, sem propiciar espaço para uma abordagem voltada para o ser humano em sua integralidade. Para eles, esse nó górdio pode ser solucionado com a aquisição de habilidades técnicas, de comunicação, de reabilitação e o conhecimento do processo de morrer e da morte. DISCUSSÃO: De forma muito inata, os seres humanos são resistentes em encarar a morte de forma natural, como parte da vida; isso decorre de aspectos sociais, culturais, espirituais, emocionais e do próprio ensino na área da saúde, evidenciado pelo desconhecimento dos entrevistados quanto à dimensão dos cuidados paliativos, sem, contudo, ignorarem sua importância. CONCLUSÃO: Tais personagens não se sentem capacitados para interagir com pacientes e familiares com o intuito de discutir a terminalidade. Esses resultados mostram um posicionamento tímido e a necessidade peremptória dessa temática na formação profissional.

6 - Avaliação do neurodesenvolvimento em crianças com sífilis congênita através do teste de Denver II

Appraisal of neurodevelopment in children with congenital syphilis through denver II test

Larissa de Araújo Correia Teixeira; Carolina Basílio Lucchesi; Mariana Santos Alencastro Figueiredo; Izailza Matos Dantas Lopes; Victoria Santos Moura; Ana Juliana Pereira Franca Dantas; Mariana Mota Dória Maciel

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-12 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-978

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OBJETIVO: Avaliar o desempenho dos lactentes com sífilis congênita a partir do Teste de Denver II. MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico e descritivo. Os dados foram coletados na Maternidade de Ensino de Aracaju, em 2022, através do Teste de Denver II, em crianças de 0 a 6 anos. Este é um teste de rastreamento de risco de desenvolvimento infantil, que inclui 125 itens que avaliam o comportamento social e pessoal, linguagem e habilidades motoras preconizadas. RESULTADOS: Dentre os itens do instrumento, houve alteração de 4 marcos na avaliação pessoal-social, 3 marcos no motor fino adaptativo e 1 marco na linguagem. Já no motor grosseiro, não houve alterações relevantes. A prevalência de indivíduos que apresentaram um teste de risco no Denver II foi de 80,7%, sendo 54,5% do sexo masculino. Sobre o fator nutricional, 29,8% das crianças praticam a alimentação familiar. Ademais, as genitoras apresentaram uma média de 23,5 anos. A maioria das entrevistadas (61,4%) referiu não ter provedor e 98,2% relataram escolaridade materna, porém apenas 8,8% têm o ensino superior completo. Na estatística inferencial, constatou-se que quando há uma maior quantidade de filhos no contexto familiar, as crianças apresentavam marcos mais atrasados. CONCLUSÃO: Ao realizar a estatística inferencial comparando a variável materna, quantidade de filhos, com o teste de Denver II, foi encontrado que com mais filhos o p-valor foi de 0,040, portanto estatisticamente significante para marcos atrasados do desenvolvimento. Logo, a escala de Denver II é extremamente importante para a triagem diagnóstica de atraso motor/pessoal-social nos pacientes com sífilis.

7 - Alojamento conjunto: fatores maternos associados à presença de intercorrências clínicas no recém-nascido

Rooming-in: maternal factors associated with the presence of clinical complications in the newborn

Alessandra Pinheiro Rios; Adriana Cersosimo; Vivian Figueiredo; Mariah Pinheiro Rios Lima; Israel Figueiredo Junior

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-7 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1015

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INTRODUÇÃO: o alojamento conjunto é uma área física preparada para receber o binômio mãe-filho após o parto e é importante para o reconhecimento e a resolução de intercorrências. OBJETIVO: estabelecer alterações clínicas em recém-nascido que receberam alta após permanência em sistema de alojamento conjunto e verificar a associação de situações pré-natais/nascimento com essas situações transitórias neonatais. MÉTODOS: estudo transversal, através da leitura de prontuários de puérperas internadas em maternidade pública de baixo risco. Testes de Mann-Whitney e Qui-quadrado/regressão logística foram utilizados para verificar diferença entre as médias nas variáveis contínuas e as associações entre as variáveis categóricas. RESULTADOS: As 512 mães eram em sua maioria de Niterói (n=411; 80,3%), com média de idade de 23,48 anos, sendo que 29,3% tinham idade inferior a 20 anos (n=150) e 82,2% delas (n=421) cursaram até o ensino fundamental completo. Entre os RN, somente 15,4% necessitaram de reanimação, metade deles era do sexo masculino (50,0%), peso médio ao nascimento 3.287,26 gramas e idade gestacional 39,5 semanas. Setenta RNs apresentaram alterações clínicas (13,7%) e a suspeita de sepse, icterícia e sífilis foram os principais causadores de aumento na permanência hospitalar. O grupo de RN com intercorrências mostrou ter uma chance maior de pertencer ao grupo de mães que apresentaram problemas no pré-natal (IC OR 95%: 2,899; 1,719 -4,890; p<0,001). Conclusão: Somente um pequeno número de RN necessitou de tratamentos clínicos no alojamento conjunto e existiu uma associação entre essas intercorrências clínicas no RN e o histórico de problemas maternos durante a gravidez.

8 - Esclerodermia localizada juvenil: além do que nossos olhos podem ver

Juvenile localized scleroderma: beyond our eyes can see

Amália Mapurunga Almeida; Carlos Nobre Rabelo Júnior; Marco Felipe Castro da Silva; Francisco Afranio Pereira Neto; José Sávio Menezes Parente; Miria Paula Vieira Cavalcante; Natalia Gomes Iannini

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-7 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1061

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INTRODUÇÃO: Esclerodermia localizada juvenil (ELJ) é a forma mais comum de esclerodermia na infância e representa um grupo de entidades clínicas distintas, com espessamento de epiderme, derme e tecido subcutâneo adjacente. Há poucos dados descritos na população brasileira. A apresentação clínica é variável, havendo cinco subtipos, que podem se manifestar com acometimento extracutâneo. Tratamento imunossupressor está indicado na maioria dos casos, com prognóstico favorável, mas evolução para limitação funcional ocorre em 25% dos pacientes. OBJETIVOS: Descrever e correlacionar com a literatura dados demográficos, clínicos e terapêuticos de uma amostra portadora de ELJ. MÉTODOS: Realizado estudo transversal, observacional e descritivo envolvendo pacientes com diagnóstico de ELJ entre 2015 e julho de 2022 em acompanhamento regular em unidade de reumatologia pediátrica de um hospital pediátrico terciário. RESULTADOS: Foram revisados prontuários de 23 pacientes, sendo 60% do sexo feminino, com idade mediana de início dos sintomas de 6 anos e atraso diagnóstico em dois anos ou mais em 39%. ELJ linear e mista foram os subtipos mais prevalentes. Manifestações cutâneas crônicas estavam presentes ao diagnóstico em 74% dos casos e envolvimento extracutâneo em 78% ao seguimento. Metotrexato e prednisona foram utilizados em 91% dos pacientes e 36% necessitou de outras medicações. Complicações foram descritas em 43% dos casos. CONCLUSÕES: Houve maior porcentagem de pacientes com atraso diagnóstico em relação à literatura, além de elevada prevalência de manifestações cutâneas crônicas e evolução para complicações. Disseminação de conhecimento sobre a ELJ se faz importante para diagnóstico precoce e redução do impacto funcional relacionado à doença.

9 - Impacto da pandemia da SARS-CoV-2 na ocorrência de Diabetes em idade pediátrica na Região Autônoma da Madeira

Impact of SARS-CoV-2 pandemic on Inaugural Diabetes cases in pediatric age in the Autonomous Region of Madeira

Beatriz Bonança Pedreira; Lisa Pereira Soares; Mariana Rodrigues; Maria João Borges; Paulo Rego Sousa; Manuel Pedro da Silva Freitas

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-6 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1076

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O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise comparativa dos pacientes diagnosticados com diabetes em idade pediátrica na Região Autônoma da Madeira (RAM), antes e após o início da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2. Uma meta-análise, publicada em agosto/2022 na Nature, constatou um aumento estatisticamente significativo no número de doentes que apresentaram cetoacidose diabética, no âmbito de um grupo de pacientes diagnosticados com Diabetes Mellitus Tipo 1 (DMT1) durante a pandemia. Tal constatação não foi verificada na RAM. A inexistência de um período de confinamento total e o fato de a prática médica ter continuado a ser exercida junto à população apontam algumas possíveis hipóteses para explicar o observado. O histórico familiar foi a única variável do estudo em que se verificou uma diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. Esse resultado pode evidenciar que os casos de cetoacidose diabética diagnosticados durante a pandemia (alguns provavelmente em doentes que foram previamente infectados por SARS-CoV-2) podem ter uma fisiopatologia diferente, na qual fatores genéticos têm uma importância menor. Sendo a DMT1 uma doença frequente em idade pediátrica, os profissionais de saúde, além de avaliar a glicose e HbA1c regularmente, precisam estar sempre em alerta e manter um elevado grau de atenção aos pacientes, dada a diversidade de sintomas iniciais que essa doença pode ter. Devem ser realizados mais estudos para tentar compreender o que justifica o fato de essa população não ter sido atingida pelo aumento do número de novos diagnósticos de diabetes, nem ser susceptível a uma maior gravidade desses casos.
Ponto de Vista

10 - Escorbuto: o retorno de uma doença quase esquecida

Scurvy: the return of an almost forgotten disease

Sheila Knupp Feitosa de Oliveira; Felipe Oliveira De Paula

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-3 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1197

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Os últimos 20 anos mostraram um aumento nos casos de escorbuto em crianças com queixas de dores nos membros, nas costas e recusa em andar. O artigo ajuda a identificar as causas e os pacientes em risco, como diagnosticar, tratar e prevenir.
Relato de Caso

11 - Intervenção no apego inseguro para o tratamento da dor crônica idiopática em Pediatria.

Intervention on insecure attachment for the treatment of idiopathic chronic pain in Pediatrics

Rodrigo Regis Souza de Lira; Kátia Regina Neves Baptista Guerra; Brena Maria Beserra Costa; Andresa do Rêgo Barros Vieira Santos

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-4 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-998

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INTRODUÇÃO: A dor crônica é um agravo de saúde pública com elevada prevalência em crianças e adolescentes. Acarreta elevados custos em saúde e grave prejuízo à qualidade de vida dos pacientes e suas famílias. Desde a década de 1950, tem-se evidenciado que o apego ao(à) cuidador(a) primário(a) da criança é crucial para a saúde global dos indivíduos e pode interferir no surgimento de várias afecções mentais e físicas, inclusive dor crônica. RELATO DOS CASOS: Duas adolescentes com história de dor crônica mista, idiopática e incapacitante há mais de dois anos, culminando em internação hospitalar. Receberam abordagem interdisciplinar nas primeiras 24 horas da admissão, com destaque para a Psicologia, que, desde o primeiro contato, identificou fatores estressores significativos na infância de ambas, inclusive a insegurança do apego, e as submeteu a técnicas vivenciais, de relaxamento e de reparentalização limitada, resultando em diminuição da intensidade da dor, da necessidade de analgésicos e da incapacitação logo nos primeiros dias da admissão e, consequentemente, na alta hospitalar. CONCLUSÃO: A dor crônica idiopática em Pediatria deve ser abordada, desde o princípio, por equipe interdisciplinar. Deve-se reconhecer que o componente psicológico, especialmente o aspecto do apego inseguro, pode ser de grande importância na etiopatogenia, perpetuação e gravidade da dor crônica em muitos pacientes, de modo que abordá-lo é fundamental para o sucesso terapêutico. Além de acelerar a recuperação da funcionalidade e do bem estar dos afetados, essa estratégia tem o potencial de reduzir os custos em saúde.

12 - Manifestação clínica atípica de piomiosite tropical

Atypical clinical manifestation of tropical pyomyositis

Camylla Santos de Souza; Juliana Porto Moura Negreiros; Laura Belizante Pontes Pereira; Natasha Simões Montenegro Mello; Graciela Josué de Oliveira Laurênio; Glaucia Maria Lima Ferreira

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-4 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1042

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A piomiosite tropical é uma infecção muscular cujas manifestações, inicialmente, podem ser leves e inespecíficas, dificultando o diagnóstico;, porém, na maioria dos casos, evolui com prognóstico benigno. Por se tratar de um acometimento incomum, faz-se necessário discutir um caso de piomiosite tropical com complicações raras após trauma. O paciente em questão vinha em período de convalescença de dengue quando sofreu traumatismo, evoluindo com abcesso em coxa esquerda, drenado cirurgicamente, e fazendo uso de cefalexina. Antes de completar sete dias de antibiótico, retornou à emergência por piora do quadro clínico. Internado, foi realizada nova drenagem e iniciada ceftriaxona e oxacilina. Sem resposta satisfatória ao antibiótico após três dias, foi escalonado para ceftarolina. No oitavo dia de tratamento, teve uma piora do quadro infeccioso, associado a achado em tomografia de volumosa coleção mediana retrovesical. Optou-se por prescrever meropenem e linezolida e por realizar drenagem videolaparoscópica, entretanto, cinco dias após o procedimento, evoluiu com sinal de Blumberg positivo em exame físico, com confirmação de importante coleção retrovesical em ultrassom abdominal. Procedeu-se, então, à laparotomia exploratória com drenagem de coleção e, por visualização de apendicite intraoperatória, realizada apendicectomia. Após, o paciente evoluiu com melhora clínica progressiva, finalizando meropenem e linezolida até o 21º dia e recebendo alta hospitalar com orientação de acompanhamento ambulatorial.

13 - Bacteremia e infecção metastática por Staphylococcus aureusmeticilino-resistente associado à comunidade em paciente pediátrico

Community-associated methicillin-resistant Staphylococcus aureus bacteremia and metastatic infection in a pediatric patient

Nara Mirella Teixeira Paiva Maia; Adriano Monteiro da Silva; Ana Luisa Barbosa de Mendonça; Guilherme Alves de Lima Henn; Diego Leonardo Menezes Maia

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-4 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-983

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INTRODUÇÃO: Staphylococcus aureus (SA) é uma bactéria Gram-positiva que pode causar infecções graves, desde bacteremia a infecções invasivas como: pneumonia, endocardite infecciosa, osteomielite, artrite séptica e infecções de partes moles e do sistema nervoso central. OBJETIVO: Relatar o caso de um paciente pediátrico que teve bacteremia e infecção metastática por Staphylococcus aureus meticilino-resistente as-sociado à comunidade. RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 9 anos, previamente hígida, iniciou um quadro de edema periorbitário à esquerda, de forma aguda e com presença de febre alta. Fez uso de amo-xicilina+clavulanato sem resposta clínica, necessitando de internamento hospitalar. Foram identificadas lesões pustulosas em couro cabeludo próximas à região retroauricular à esquerda, sendo associada oxaci-lina ao tratamento com ceftriaxona. A paciente evoluiu com persistência da febre e sinais de miosite em coxa esquerda, sendo identificada coleção líquida espessa com volume de 5 ml em ultrassonografia. Tam-bém foram identificados múltiplos abscessos pulmonares em ambos os pulmões da paciente pela tomo-grafia. O teste do painel BioFire BCID2 identificou a bactéria Staphylococcus aureus meticilino-resistente, sendo, portanto, trocado esquema terapêutico por vancomicina. O tratamento foi realizado durante seis semanas, havendo, em seguida, melhora clínica e laboratorial da paciente. CONCLUSÃO: Relatamos o caso de uma paciente que apresentou bacteremia e infecção metastática por Staphylococcus aureus meticilino-resistente associado à comunidade, para o qual foi obtido um desfecho favorável, sem sequelas, devido à instituição de uma cobertura antimicrobiana adequada de forma precoce.

14 - Relato de caso: raquitismo dependente de vitamina d, tipo 1a

Case report: vitamin d-dependent rickets, type 1A

Mayã da Costa Bastos; Marta de Aguiar Ribeiro Santos; Larissa Moulin de Almeida

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-4 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-963

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O raquitismo dependente de vitamina D tipo IA é uma doença autossômica recessiva com alteração da ação da enzima 1-alfa-hidroxilase responsável pela conversão de 25-hidroxivitamina D3 em 1,25-dihidroxivitamina D3, metabólito ativo da vitamina D. Este relato apresenta o caso de paciente masculino, que iniciou aos 20 meses de idade investigação devido a baixo ganho ponderal, com relato de regressão do desenvolvimento neuropsicomotor aos 9 meses, associado a hipotonia generalizada e deformidades ósseas em membros e coluna vertebral. Apresentava hipocalcemia, hipofosfatemia, paratormônio (PTH) e fosfatase alcalina elevados, sem alteração da 25-hidroxivitamina D3, com inventário ósseo sugestivo de raquitismo. Optado pela internação hospitalar e iniciada reposição de cálcio, fósforo, colecalciferol e calcitriol. Evoluiu com melhora clínica e laboratorial. Apresentou genoma compatível com raquitismo dependente de vitamina D tipo 1. Atualmente com 5 anos e 2 meses, em acompanhamento regular com endocrinologista, mantendo ganho de peso e desenvolvimento neuropsicomotor adequados. Por ser uma doença rara, o diagnóstico muitas vezes é feito de forma tardia. O diagnóstico precoce e tratamento adequado reduz significativamente a morbidade e as complicações causadas pela doença.

15 - Síndrome diencefálica (síndrome de Russell): relato de caso clínico

Diencephalic Syndrome (Russell Syndrome): A Clinical Case Report

David Richer Araujo Coelho; Stephanie Pascoal de Miranda Martins; Anna Cecília Silveira Rissi; Victoria Holcman de Marsillac; Tatiana Mendonça Fazecas e Costa; Bruno Pereira Ribeiro Da Rocha

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-4 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-967

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A síndrome diencefálica, ou síndrome de Russell, é caracterizada por um extremo emagrecimento com ausência do tecido adiposo subcutâneo associado a sintomas como vômitos, hipercinesia, euforia, irritabilidade, nistagmo, atrofia óptica e palidez sem anemia. Embora rara, a síndrome diencefálica deve ser pensada em crianças com atraso no desenvolvimento e com preservação do crescimento linear. Apresentamos a seguir um relato de caso clínico de um lactente com síndrome de Russell.

16 - Exacerbação pulmonar de fibrose cística por Brevibacterium sp. em criança: relato de caso e revisão de literatura

Pulmonary exacerbation of cistic fibrosis by Brevibacterium sp. in a child: case report and literature review

Davi Shunji Yahiro; Tayná Bastos Mourão Viana; Gustavo Duque Yecker; Matheus Freire de Lima; Renata Novellino da Rosário Azzi; Maria Izabel Muller de Campos Dutra e Silva de Andrade; Lisandra Leite de Mattos Alcântara; Heitor Vasconcelos Bazilio Pereira; Eduarda Raunheitti Giesteira; Sofia Leite Quintão; Marcos Vinícius Aguado de Moraes; Matheus dos Santos Moura; Andre Ricardo da Silva Araújo

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-4 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1064

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A fibrose cística (FC) é uma doença autossômica recessiva que afeta principalmente o sistema respiratório, resultando em infecções crônicas e deterioração da função pulmonar, além de comumente afetar o sistema digestivo e o pâncreas. Neste relato de caso, descrevemos uma criança do sexo feminino de 8 anos com FC, colonizada por Pseudomonas aeruginosa, que desenvolveu exacerbação pulmonar não responsiva ao tratamento empírico inicial de amplo espectro direcionado contra os agentes de colonização prévia. Brevibacterium sp. foi detectado em cultura de lavado broncoalveolar coletada em broncoscopia. O esquema antimicrobiano foi mudado para meropenem e amicacina com melhora clínica e radiológica após 23 dias de tratamento, recebendo alta após 30 dias de internação para seguimento ambulatorial. É fundamental que os profissionais de saúde considerem a possibilidade de germes atípicos em casos de exacerbação pulmonar em pacientes com fibrose cística, principalmente em crianças sem resposta clínica inicial ao tratamento instituído empírico de amplo espectro.

17 - Hemangioendotelioma Kaposiforme: relato de caso

Kaposiform hemangioendothelioma: case report

Alessandra Geraldo; Andrea Gisele Pereira Simoni

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-4 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1057

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O Hemangioendotelioma Kaposiforme é considerado um tumor vascular benigno, localmente invasivo e com similaridade histológica ao sarcoma de Kaposi. Está relacionado a complicações com graus variados de morbimortalidade. Tem diagnóstico definitivo através de exame histológico e opção de tratamento cirúrgico ou medicamentoso, que varia conforme indicação clínica do paciente. A pesquisa objetiva a publicação de um caso de Hemangioendotelioma Kaposiforme admitido em um hospital pediátrico de Santa Catarina em 2022. Por meio da consulta ao prontuário do paciente, foram levantados os dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais; os dados do caso relatado foram comparados com o que é descrito na literatura atual acerca do tema, discutindo-se suas similaridades e diferenças e, por fim, confirmando o diagnóstico de Hemagioendotelioma Kaposiforme, através do seu exame padrão-ouro — o exame histológico. Apesar de pouco conhecido entre médicos e pediatras, o Hemangioendotelioma Kaposiforme é uma doença de relevância na área médica, uma vez que tem como diagnósticos diferenciais os tumores vasculares mais comuns da infância, o hemangioma infantil e o hemangioma congênito. A finalidade do estudo é, portanto, descrever um caso da doença em questão, alertar os profissionais de saúde para o reconhecimento de seus sinais e sintomas e a necessidade de realização do diagnóstico diferencial em tais pacientes.

18 - Apendicite aguda em um adolescente com situs inversus totalis: relato de caso

Acute appendicitis in an adolescent with situs inversus totalis: a case report

Júlia Buzzato Rainer; Carolina de Souza Fernandes Correa; Sarah Lira Garani; Cecília Pereira Silva; Camilla Kalil Laviola; Andréa Fabiane Lira

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-4 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-964

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A apendicite é a emergência cirúrgica mais comum em pediatria, estando presente em 1% a 8% das crianças com dor abdominal aguda. O quadro clínico clássico é caracterizado pela presença de dor abdominal aguda migratória em fossa ilíaca direita. Entretanto, em pacientes com situs inversus totalis, a dor se manifesta na fossa ilíaca esquerda, o que pode retardar o diagnóstico e predispor ao desenvolvimento de complicações. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é relatar um caso de apendicite em um adolescente com situs inversus totalis. Este estudo trata-se de um relato de caso de apendicite em um adolescente portador de situs inversus totalis. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos e aprovado sob o número do CAAE 53591321.0.0000.5237. A incidência de apendicite em portadores de situs inversus totalis é de 0,016% a 0,024%. Em função da apresentação clínica atípica nesses pacientes, tem-se uma tendência ao retardo no diagnóstico da apendicite, especialmente quando o situs inversus totalis não foi previamente identificado. Com isso, existe um maior risco de desenvolvimento de complicações graves, como a perfuração intestinal e a sepse, o que eleva consideravelmente a morbimortalidade. Portanto, ressalta-se a importância de elencar a apendicite como um possível diagnóstico em pacientes com dor abdominal aguda em fossa ilíaca esquerda pela possibilidade de situs inversus totalis.

19 - Manifestações cutâneas em seis crianças pelo CHIKV: uma série de casos

Cutaneous manifestations in six children by CHIKV: a case series

Hellen Caroline da Silva Moura; Daniel Tardin Monnerat de Carvalho; Pamella Karla Simões de Freitas Costa; Sabrina Teresinha Alvim; Janiciene de Souza Silva; Juliènne Martins Araújo; Sandra Maria Barbosa Durães; Claudete Araújo Cardoso

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-5 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1028

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OBJETIVOS: Descrever uma série de casos de crianças diagnosticadas com infecção pelo vírus Chikungunya (CHIKV) com manifestações dermatológicas atípicas, a fim de ampliar as possibilidades de diagnósticos diferenciais em casos de apresentações clínicas semelhantes. MÉTODOS: Trata-se de uma série de casos em que foram incluídos todos os pacientes com idade entre 0 e 18 anos e que, entre janeiro de 2018 e novembro de 2020, deram entrada no pronto socorro de um hospital público pediátrico apresentando manifestações cutâneas atípicas associadas a diagnóstico clínico-epidemiológico ou laboratorial do CHIKV. RESULTADOS: Um total de seis pacientes foram triados de uma coorte de 432 pacientes. Desses seis, quatro eram do sexo feminino e cinco eram menores de um ano. As manifestações mais relatadas foram febre de início súbito, além de exantema e lesões cutâneas bolhosas, acometendo principalmente os membros. Houve internação de cinco pacientes ao todo, sem óbitos. CONCLUSÃO: As apresentações cutâneas são de magnitude diferente de acordo com a faixa etária acometida pelo CHIKV, principalmente em menores de um ano de idade, acometendo especialmente áreas de extremidades da superfície corporal. Portanto, vale ressaltar que os pacientes pediátricos merecem maior atenção e cuidados precoces, a fim de reduzir as complicações da infecção e, portanto, também a morbidade da população acometida.

20 - Relato de caso: síndrome de Klippel-Trenaunay

Case report: klippel-trenaunay syndrome

Nathalya Gonçalves dos Santos; Adriana Prazeres da Silva; Vitor Hugo L. de O. Rodrigues; Jacqueline Trujillo Vargas; Emelie Otilia Fischer

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-4 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-1039

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INTRODUÇÃO: A síndrome de Klippel-Trenaunay (SKT) é uma doença congênita rara, caracterizada pela tríade: malformações capilares que se manifestam como mancha vinho do Porto, varicosidades tipicamente venosas, hipertrofia óssea e de tecidos moles. RELATO DE CASO: LFRR, recém-nascido a termo com 3360 g, sexo masculino, parto cesárea por iminência de eclâmpsia (G3P2C0). Apgar 9/9 com exame físico evidenciando membro inferior esquerdo com mancha vinho do Porto, aumento de volume e lesões violáceas difusas se estendendo dos pododáctilos até glúteos, pulsos periféricos palpáveis e simétricos. DISCUSSÃO: O manejo da SKT não possui um consenso bem estabelecido, podendo ser realizado tratamento conservador utilizando medidas não invasivas (meias compressivas elásticas ou não elásticas) associadas ou não a suporte psicológico, elevação do membro acometido e fisioterapia. Condutas ativas como escleroterapia podem ser utilizadas em pequenas áreas, assim como a utilização de laserterapia na mancha vinho do Porto e nas ulcerações. O Sirolimus pode ser uma opção terapêutica promissora para o manejo de malformações venosas, incluindo a SKT, levando à melhora de sintomas como a dor e diminuição do tamanho das lesões. CONCLUSÃO: A SKT, por ser uma síndrome rara, possui uma literatura escassa. O manejo principal se baseia no uso de terapias conservadoras, outras relativas às complicações apresentadas e agora se inicia a fase de uso de medicamentos off-label (Sirolimus) que diminuem a progressão da doença.

21 - Um caso de hipotiroidismo auto-imune como origem de atraso decrescimento e de desenvolvimento neuropsicomotor na primeira infância

A case of autoimmune hypothyroidism causing growth andneurodevelopment delay in early childhood

Cecilia Gomes Pereira; Francisca Dias Freitas; Sara Nogueira Machado; Vânia Oliveira; Filipe Costa; Carla Meireles

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-5 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-934

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Pré-escolar de quatro anos e seis meses, previamente saudável, apresentou-se à consulta de rotina na unidade básica de saúde. Devido a sinais de alarme na avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor, suspeitou-se de transtorno do espectro do autismo e a criança foi encaminhada para avaliação com psiquiatria infantil. Sete meses depois, é novamente avaliado e, para além do agravamento do atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e do atraso no desempenho escolar, é detectado um atraso no crescimento, bem como um aumento de peso exponencial. Por suspeita de síndrome de Prader Willi, o paciente foi encaminhado para a consulta de Pediatria. Foram solicitados exames laboratoriais que evidenciaram TSH elevado (>750 mUI/L) associado a uma T4 livre diminuída (0,24 ng/dL). Uma radiografia da mão e punho revelou uma idade óssea mineral de cerca de dois anos e oito meses. O estudo auto-imune revelou anticorpos anti-tireoperoxidase e anticorpos anti-tiroglobulina positivos e foi estabelecido o diagnóstico de hipotiroidismo auto-imune. Foi iniciada levotiroxina com melhoria clínica e regresso ao crescimento linear. No entanto, o atraso cognitivo manteve-se. A tiroidite auto-imune é a causa mais comum de hipotiroidismo adquirido na idade pediátrica, embora seja rara abaixo dos três anos. Esta condição, se não tratada atempadamente, pode causar a perda de altura em idade adulta e atrasar o desenvolvimento neuropsicomotor. O caso apresentado ilustra a importância de incluir a função tiroideia no estudo de crianças com atraso de crescimento e ganho de peso inexplicável. As mudanças de comportamento e desempenho escolar devem também alertar para este diagnós

22 - A importância da antropometria e semiologia craniana para o diagnóstico precoce da trigonocefalia: relato de caso

The importance of anthropometry and cranial semiology for the early diagnosis of Trigonocephaly: Case report

Carolina Fernandes Correa Leite; Júlia Buzzato Rainer; Cecília Pereira Silva; Camilla Kalil Laviola

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-4 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-944

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A trigonocefalia é um tipo de craniossinostose em que ocorre o fechamento precoce da sutura metópica, de modo a determinar um crescimento anormal do crânio. Em uma minoria dos casos, a trigonocefalia pode causar o aumento da pressão intracraniana e surgimento de disfunções neurológicas. Quando presentes, essas complicações podem ser prevenidas ou amenizadas caso o diagnóstico e o tratamento ocorram entre 6 e 12 meses de vida. O objetivo do estudo é relatar um caso de craniossinostose em um lactente e reafirmar a importância da antropometria e da semiologia craniana. Ao exame físico, lactente de 4 meses apresentou perímetro cefálico: 41 cm, sutura metópica cavalgada, diâmetro biparietal: 23 cm, diâmetro fronto- occipital: 28 cm. Realizada tomografia computadorizada de crânio com reconstrução em 3D que confirmou diagnóstico de trigonocefalia, sendo encaminhadoà cirurgia infantil. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos aprovado sob o número do CAAE 53607821.7.0000.5237. O diagnóstico de trigonocefalia é realizado através da análise das medidas antropométricas do crânio, representadas pelo perímetro cefálico, distância anteroposterior e distância biauricular, e confirmado através da tomografia computadorizada com reconstrução em 3D. Na prática pediátrica, é comum apenas a medida do perímetro cefálico, que frequentemente é normal, existindo alterações apenas nas distâncias anteroposterior ebiauricular. Consequentemente, tem-se um atrasonodiagnósticoda craniossinostose.Assim, ressalta-se a importância da mensuraçãorotineira das três medidas antropométricas do crânio para o diagnóstico precoce das craniossinostoses e para a prevenção e redução das suas complicações, mesmo sendo raras.

23 - Piomiosite bacteriana em pediatria: relato de caso

Bacterial pyomiositis in pediatrics: case report

Gabriela Zucatto Oliver; Lidia Alice Gomes Monteiro Marin Torres; Gabriela Cristina Santos de Souza; Fernanda Cunha Castro; Jussélen Evarista Rosa de Paula

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-3 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-947

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INTRODUÇÃO: A piomiosite bacteriana (PB) é uma doença infecciosa rara que acomete o sistema musculoesquelético e é causada mais frequentemente pelo S. aureus. Afeta um ou vários grupos musculares e é importante o diagnóstico precoce, pois podem ocorrer quadros infecciosos graves, incluindo sepse e sequelas incapacitantes a longo prazo e até perda do membro. OBJETIVO: Descrever um relato de caso de um paciente com piomiosite com diagnóstico precoce e boa evolução. RELATO DE CASO: Paciente de 10 anos com dor intensa em membros inferiores e cintura pélvica e claudicação há 1 dia, tendo aparecido após andar de bicicleta por longo período. Negava febre ou sintomas gerais. Os exames laboratoriais mostraram processo inflamatório em curso e a hemocultura foi negativa. RX e USG do quadril e coxa esquerda mostraram-se normais, mas a RNM do quadril mostrou sinais sugestivos de piomiosite bacteriana. Iniciados antibióticos endovenosos, com melhora rápida. Teve alta após 21 dias de antibioticoterapia sem sequelas. CONCLUSÃO: A história clínica cuidadosa levou à suspeição da doença e a ressonância nuclear magnética confirmou o diagnóstico e permitiu a instituição precoce do tratamento, tendo o paciente evoluído sem qualquer sequela.

24 - Abordagem à agitação no serviço de urgência pediátrico

Approach to agitation in the pediatric emergency department

Francesco Monteleone; Andreia Marisa Gonçalves; Maria Eduarda Machado; Maria Beatriz Couto; Ana Sofia Neiva

Resid Pediatr. 2024;14(2):1-9 DOI: 10.25060/residpediatr-2024.v14n2-974

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A agitação psicomotora e a auto/heteroagressividade em crianças e adolescentes podem representar um desafio no serviço de urgência pediátrico (SU), pois são uma ocorrência frequente que chega a constituir até 5% das avaliações de urgência nos Estados Unidos. A agitação é um sinal altamente inespecífico, podendo resultar de condições orgânicas e/ou psiquiátricas, e requer, na sua gestão, adequação dos espaços do SU, treino dos profissionais envolvidos e aumento dos recursos de saúde mental nos SUs. A avaliação diagnóstica inicial deve conduzir a escolha terapêutica mais adequada, embora, em muitas situações, seja necessário intervir antes de terminar a exploração diagnóstica. Essa intervenção deve contemplar, em primeiro lugar, medidas ambientais e não farmacológicas. Quando necessário, poderá ser efetuada uma contenção farmacológica, sendo desaconselhada a contenção física nessas idades. Existe pouca literatura sobre a correta abordagem dessas ocorrências, e não há qualquer linha orientadora, de maneira que mais da metade dos profissionais do SU se sente inadequadamente preparados na sua gestão. Este trabalho propõe-sea reuniras evidências eos consensos disponíveis na literatura para criarumapoio prático para a abordagemdo paciente agitado no atendimento de urgência pediátrica, com enfoque nas abordagens não farmacológica e farmacológica, é baseado numa revisão da literatura, com recurso a múltiplas bases de dados de artigos em inglês, português e espanhol. Também foram analisadas as diretrizes do National Institute for Health and Care Excellence (NICE), embora se apliquem ao comportamento agressivo eviolento enão àagitação psicomotora,entendendo adiferença,mas procurando elementos sobreponíveis eaplicáveis.
Resenha